Um mar de mentiras


L ink: A autarquia de Albufeira rejeita, por unanimidade, a aquacultura (link). Numa das sequências mais chocantes do filme Saló, os fascistas servem fezes em louças elegantes. A metáfora continua válida nestes tempos de desinformação e, em especial, no caso da aquacultura na Madeira. Miguel Albuquerque quer alimentar os madeirenses com o lixo da aquacultura, mas diz que é bom e científico.

Nenhum estudo encomendado pode encobrir esta evidência: a aquacultura é péssima para o ambiente, a economia e a saúde pública. E precisamente por ser evidente, a propaganda das jaulas marinhas repete ad nauseam o contrário, como Albuquerque fez no evento Um Mar de Oportunidades.

Miguel Albuquerque mentiu quando falou em sustentabilidade alimentar. Os madeirenses sempre tiveram bom peixe na mesa e nunca precisaram da aquacultura. Menos de 10% desta produção é destinado ao consumo regional, tudo o resto é para exportação.

Albuquerque também mentiu quando disse que a aquacultura é uma indústria em expansão. O negócio cresce 6 a 7% anualmente, mas apenas nos países do terceiro mundo: China, Indonésia, Índia, Vietname, Bangladesh e Filipinas são os maiores produtores. Já na Europa, a atividade estagnou há mais de vinte anos e a taxa de crescimento é de 0%. 

A aquacultura não cresce nos países europeus, precisamente porque nenhum povo evoluído aceita uma indústria destas. Foi o que fez a autarquia de Albufeira, que na deliberação de 23 de agosto de 2016, rejeitou por unanimidade a aquacultura. A Madeira deve seguir este bom exemplo.

Se os governantes não atuam, a população deve reagir. Todos somos confrontados com as jaulas, quando visitamos a Baía d’Abra ou a Ribeira Brava. E mesmo os que não compram este peixe engordado com rações e antibióticos, são prejudicados por explorações que contaminam toda a cadeia alimentar. Evitar produtos de aquacultura, participar nas consultas públicas online (www.participa.pt) e castigar nas urnas e nos tribunais os políticos que defendem as multinacionais: há muito a fazer, ninguém deve ficar indiferente.

Flávio Sousa

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Quinta-feira, 18 de Novembro de 2021
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