A pedofilia é intemporal e a Madeira tem muito para contar: DENUNCIE


O deslize de Marcelo Rebelo de Sousa, nosso Presidente da República, pareceu-me uma apetência para suavizar a situação da Igreja em relação à investigação que está a ser levada a cabo por uma Comissão Independente que correu mal:

"haver 400 casos não parece particularmente elevado porque noutros países, com horizontes mais pequenos, houve milhares de casos". (...) não há limite de tempo para estas queixas e frisou que estamos perante um "universo de milhões de pessoas que contactaram com a Igreja Católica ao longo de várias décadas".

 424 casos intemporais, do século XX ao XXI, em ditadura e democracia, "são de facto poucos", por isso devemos auxiliar o nosso Presidente da República a mudar de opinião.

Em 1998, a Polícia Judiciária Portuguesa acusava 142 casos de pedofilia no país, desses, 37 tinham origem na Madeira, o que representava 26% dos casos, uma enormidade para a nossa dimensão populacional, mais coisa menos coisa, 2,7% da população portuguesa. Por cá, Alberto João Jardim refutava, não se sabendo até hoje se era uma reação de defesa da imagem da Madeira ou se escondia algo mais, por exemplo, na Igreja. A atitude lógica era colocar-se à disposição em tudo o que fosse possível para auxiliar a Investigação e a Justiça. Em vez disso, Alberto João Jardim politizou a questão, até porque era uma bandeira do PCP na altura. Era uma cabala contra a Autonomia da Madeira.

Na altura, passavam pela região redes internacionais de pedofilia que chegaram a Tribunal, nosso e de outros países, inclusive com um madeirense envolvido, A. Garcês, que comercializava filmes pornográficos com menores madeirenses. Foi a altura dos "meninos das caixinhas", protagonistas do primeiro grande escândalo de pedofilia nacional, vivia (moravam) no Ilhéu de Câmara de Lobos e outros bairros do concelho. Chegou a haver na nossa cidade umas duas dezenas de crianças errantes que frequentavam sobretudo um eixo entre o Parque de Santa Catarina, Av. do Mar (em especial o Cais e a Marina), o nosso mercado e ruas limítrofes. Por ironia, também frequentavam a zona da sede do nosso governo, nas barbas do executivo de Jardim.

Pela mesma altura também tivemos um caso na Igreja Madeirense, o célebre padre Frederico, condenado e fugitivo. O padre Frederico sempre foi polémico e de atitudes raras, os fiéis queixavam-se e assim circulou de paróquia em paróquia em toda a década de 80 do século passado. Foi o maior erro de D. Teodoro de Faria, que o conhecera e trouxera desde Roma e fez dele seu secretário particular, até o "despachar". Para este afloramento rápido da Madeira e a pedofilia, é necessário referir que o último lugar onde o padre Frederico exerceu sacerdócio foi em São Jorge, entre 1987 a 1990, local onde conheceu Miguel Noite, filho de gentes pobres que acabou se tornando seu amante.

Da acusação do Ministério Público no caso do padre Frederico Cunha consta que a 1 de Maio de 1992 deu boleia a um rapaz, Luís Miguel de seu nome, com 15 anos, numa estrada do Caniçal e onde lhe ofereceu boleia. Acabou no fundo de uma falésia morto e com sinais de agressões. O padre Frederico reconheceu a presença na zona, sempre com seu amante Miguel Noite, mas 6 testemunhas deram outra fisionomia à pessoa no carro, um rapaz loiro, que não conferia com Miguel Noite. O que parecia um acidente que ilibava o padre Frederico acabou na autopsia, com um traumatismo craniano fatal que não seria possível na queda da falésia. E por aqui me fico.

Este pequeno reavivar da memória pretende dizer que com o passado que temos, e com altos índices de pedofilia, os mais altos do país durante pelo menos uma década, há ainda muito para relatar e condenar. A ousadia de Marcelo Rebelo de Sousa em considerar 424 caos no país ... poucos, merece um incremento acabando com a vergonha e o protecionismo de gente importante.

Na Madeira existe a lei da rolha, existe conivência e protecionismos que a política revela. Há muita coisa errada que deveria ver a luz do dia. Os contactos são estes:

As denúncias e testemunhos podem chegar à comissão através do preenchimento de um inquérito online em https://darvozaosilencio.org/, através do número de telemóvel +351917110000 (diariamente entre as 10:00 e as 20:00), por correio eletrónico, em geral@darvozaosilencio.org e por carta para "Comissão Independente", Apartado 012079, EC Picoas 1061-011 Lisboa.

Na sequência de uma decisão da Conferência Episcopal Portuguesa em Novembro de 2021, a Comissão Independente constitui-se para realizar um estudo sobre abusos sexuais praticados contra crianças e adolescentes (dos 0 aos 18 anos de idade) no seio da Igreja Católica Portuguesa. Qualquer pessoa que tenha sofrido esse tipo de situação pode e deve dar o seu testemunho, contando desde logo com o sigilo profissional da equipa e a garantia do seu anonimato. A Comissão afirma-se como uma estrutura isenta e independente, ou seja, autónoma e não influenciável por qualquer força externa que queira ou possa desejar vir a alterar o seu objetivo central: dar voz ao silêncio de todas as vítimas deste tipo de crime. Respeita as diferenças de religião ou a sua ausência, etnia, sexo e género, tendo como desígnio a sua posição neutra e inclusiva sobre toda e qualquer diversidade. (link)

Enviado por Denúncia Anónima.
Quarta-feira, 12 de Outubro de 2022
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