Não volto ao Porto da Cruz


H oje ao regressar a casa, resolvemos descer ao Porto da Cruz e, como o tempo estava convidativo, resolvemos meter a pequenada dentro da piscina. A água estava maravilhosa e, apesar do fundo da piscina apresentar uma quantidade considerável de areia, julgo que em nada afetava a qualidade da água.

Mas o problema aqui não está na piscina. 

De volta ao carro, e porque estava a fazer frio, percorremos o passeio marítimo da marginal pelo meio de uma zona de restauração. Esta zona de restauração parte de alguns edifícios das imediações que exploravam o passeio. Consegui contar 3 restaurantes, mas não lhes decorei o nome.

Um restaurante, com móveis de madeira semelhantes a paletes, ocupava o espaço imediatamente em frente ao seu edifício, e também uma linha de mesas e cadeiras junto ao muro do passeio, do lado do mar.

Outro restaurante, com mobiliário branco, posicionava-se exatamente logo a seguir ao anterior, com mesas e cadeiras de ambos os lados do passeio. No entanto, pus-me a procurar o edifício de origem daquele restaurante e constatei que ficava do outro lado da estrada, a sensivelmente 20 metros do local! Estranho, vir ocupar aquele espaço.

Finalmente, o terceiro restaurante, com edifício próprio junto ao passeio marítimo, não o ocupava e fazia uso do seu próprio espaço de esplanada.

Pois bem, ao ter que passar por este passeio infernal, quero deixar algumas perguntas para o leitor refletir:

  • um passeio marítimo pode ser ocupado por restauração assim, de forma desenfreada?
  • se eu quiser, posso levar os meus filhos para andar de bicicleta naquele passeio, ou é de uso exclusivo dos restaurantes?
  • Se houver um princípio de afogamento ou algum acidente dentro ou nas imediações da piscina, como irá passar uma ambulância? Os paramédicos vêm a empurrar a maca pelo meio dos turistas bem sentados e dos empregados apressados?

Caro leitor, fiquei absolutamente chateado com a exploração selvagem daquele passeio. Não vemos disto noutras partes da ilha. O cidadão deve poder circular livremente à beira-mar desde que em espaço público, sem que tenha de levar com olhares, tropeçar em empregados a levar cervejas ou ter que segurar os meus filhos para não deixarem cair a bola para um lado ou outro. 

Imagine você mesmo a sair de uma piscina com tudo e mais alguma coisa atrás, com filhos com fome e mochilas em cima, e ter que passar por um corredor estreito que mais parecia uma passerele. Que falta de noção destas nossas autoridades e comerciantes. 

Senti vergonha de mim próprio e também das senhoras que comigo vinham, a serem "esventradas" com os olhares alheios.

Senti nojo pela forma massificada com que se tenta ganhar dinheiro nesta terra. Turismo de massas... bah, política do vale-tudo. Que raio de políticos temos? Não irei repetir a experiência. No Faial, Machico ou Santa Cruz, circula-se muito mais à vontade.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 1 de Outubro de 2023
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