Terra queimada


E xiste a noção algo potente que, para derrubar um poder intocável, é preciso semear a confusão e o caos, gerar um desconforto tão grande que o poder instituído acaba por cair de esgotamento. Essa estratégia é muito usada na região, mas o resultado não é o esperado. O que acontece realmente é a blindagem pela força e uma maior tendência para responder com agressividade. Ou seja, o poder político agarra-se a forças obscuras para se salvaguardar e se defender. E a oposição na Madeira está a ter uma estratégia suicida.

Ao esvaziar a autoridade das instituições, seja Governo Regional ou CMF, parece que esse vazio vai-lhe trazer uma oportunidade política de ocupar esse espaço. E isso é falso, quem vai ocupar esse espaço não é a actual oposição mas a força emergente do Chega. Esta gente está a pavimentar caminho para os radicais e quando se aperceberem disso será tarde demais. O PSD tem os seus defeitos mas nem todo o PSD é cúmplice de esquemas. E há aqui o reverso da medalha.

Vejam os casos de Santa Cruz e Ponta do Sol. O PSD nesses concelhos também faz oposição de terra queimada e os resultados não são famosos. O JPP tem crescido e consolidado a sua posição, e na Ponta do Sol o PS garantiu a sua posição sem grandes preocupações. Há aqui uns falhados do PSD que tentam aproveitar-se do descontentamento e usam a abordagem dos agitadores porque sabem que não têm presença no partido, que Calado no futuro não lhes dará troco e Albuquerque não lhes dá credibilidade. Mais uma vez, destruir para reinar e garantir o lugar.

A estratégia de terra queimada existe por uma única razão, é uma estratégia de pessoas que não têm nada para oferecer, então atacam e armam confusão para obter depois dividendos. E há muita gente assim, tanto no PSD como na oposição. Não é por acaso que Miguel Albuquerque diz que quem arma confusão que vá para o olho da rua. Essa afirmação tem fundamento. O poder político precisa de poder, mas há maneiras de obter poder que acabam por gerar mais complicações do que sucesso. A política de terra queimada está a gerar demasiados derrotados e demasiada azia. E lidar com estas complicações tornar-se cada vez mais insuportável.

A região está a ter dificuldades em lidar com situações que merecem a atenção de todos e gente séria. Temos um problema na saúde que precisa de gente competente. Temos um problema na toxicodependência que exige uma resposta humana. Há políticos na oposição com cabeça, tronco e membros, o caso de Miguel Silva Gouveia é o mais conhecido, que fazem uma oposição com substância, ou seja, que não vão a jogo com estratégias de terra queimada. E isso sim, merece reconhecimento. É esse o caminho. 

Os madeirenses começam a ficar fartos de serem manipulados e enganados. Os sinais são muitos. Vejo muitos comentários de pessoas a reclamar destas confusões. As pessoas têm medo mas não são parvas. Percebem perfeitamente que o discurso de terra queimada não as leva para lugar nenhum, nem lhes dá soluções para nada. As pessoas já começaram a perceber que não há verdadeiramente limites para a terra queimada, ninguém sai verdadeiramente triunfante com isso. Há um sentimento ainda discreto, mas cada vez mais vocal que as coisas não estão bem. E este sentimento é transversal. Quem é responsável é capaz de pensar o mesmo apesar de não o dizer abertamente. Estamos cada vez mais inseguros e desconfiados da sociedade e instituições, isso não é bom para ninguém. É como na Primeira República, quem matou o rei não ficou com poder e quem ficou com o poder entregou-o de bandeja a Salazar. A história repete-se.

Enviado por Denúncia Anónima.
Terça-feira, 11 de Outubro de 2022
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