Os antípodas de Joseph Pulitzer


Joseph Pulitzer focou o tema "notícias falsas", há mais de 100 anos, e lutou contra os perigos que a supressão de notícias representava para uma democracia, muito antes de nossas ameaças atuais à liberdade de imprensa. Suas heróicas batalhas foram esquecidas junto com as lições que podemos aprender com as ferramentas que ele usou contra seus inimigos. Sinopse de filme.

N ão deve ser inocente o facto do CM dizer vezes sem conta, e ainda esta manhã vi, que é do povo para o povo. Ora, Joseph Pulitzer dizia que "as notícias incidem sobre que aconteceu realmente com pessoas comuns como você" e isso é abordado num filme de 2018: "Joseph Pulitzer: Voice of the People". Hoje em dia, o prémio máximo sonhado por jornalistas tem justamente o seu nome. Dá que pensar a situação do jornalismo regional. Quando praticamente todos eles estão em função do Governo, do poder político e económico... logo Donos Disto Tudo, a proximidade de um prémio, por muito que se purifiquem com exemplos exteriores, está na esfera do humor.

O jornalismo puro é algo lindo, marca a diferença e define a verdade quando faz o contraditório e entrega ao leitor a escolha da livre interpretação. O jornalismo é factual e inócuo, sem adjectivação ou juízos de valor e pode compôr tanta contradição que entrega a verdade por polir. Quando o jornalista deixa de ser isento toma partido, mastiga e manobra, salienta mais este do que aquele, é parcial e evita aqueles ou aquilo que pode fazer suspeitar sobre a intenção da sua peça sem primor deontológico. É interessante observar que quando  jornalismo começou a perder o título de pilar da democracia, começaram a surgir termos como fake news, agências de fact-checking, pós-verdade, etc. Uma justificação de que a sua verdade é melhor, até o pode ser mas também não, depende das atitudes de condicionamento e privilégio.

O jornalismo na Madeira está sob forte suspeição, coloca-se a jeito pelos jornalistas e pelos proprietários. Na política, quando finalmente acreditamos na honra e propósitos de um político ou de pessoa influente, é tradicional que o jogo sujo lance a suspeição, fazendo circular mentiras como se fossem verdade, uma velha arte da humanidade utilizada desde altas esferas do poder até as relações interpessoais, para ganhar vantagem e neutralizar. O jornalismo na Madeira já começou a perseguir para esse efeito. O jogo é total e a soldo, não encontramos uma reserva territorial de virtudes.

Nos acesos momentos de campanha, embebidos num turbilhão de informação, ninguém pergunta porque alguns são tão maus, precisamente naquele momento, para que outros, incomparavelmente piores, ganhem. Quando o jornalismo cria o ambiente com notícias para que o seu político ou grupo favorito atire a matar, percebemos que querem manter o poder. É aí que entra em cena a expressão de Joseph Pulitzer, na transposição do século XIX e XX, a dizer: "com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma".

A par do ambiente de cilada, existe a propaganda sistematizada, com agenda, que alimenta falsos heróis, impolutos e governantes que apresentam resultados e narrativas como verdades cristalinas. Estamos a criar uma sociedade que vai jogar o mesmo jogo e quando fugir da mão... não se lastimem, abriram a Caixa de Pandora.


Enviado por Denúncia Anónima.
Segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2022
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