À espera do Sol?


O uvimos, quase todos os dias, nos jornais que por cá ainda se publicam, que a Madeira é pioneira em tudo mas depois surgem os números que apontam na direção contrária. Se o Governo Regional afirma exaustivamente o seu pioneirismo a Empresa de Eletricidade da Madeira opta pelo silêncio.

Recentemente, a Direção Geral de Energia e Geologia publicou os números que apontam que a Madeira afinal é a região do País que produziu menos energia renovável, mas estranhamente o Governo Regional respondeu com o silêncio.

Para cair no esquecimento, fica a tal história mal contada da energia verde produzida no Porto Santo a partir de algas que terminou em sabonetes e culminou na inauguração de uma bomba de gasolina da BP. Vá lá que o logotipo da BP é verde, para não destoar numa ilha que se queria sem combustíveis fósseis. Por falar em verde, seria bom que a DRTT publicasse o número de carros elétricos em circulação no Porto Santo para que todos fiquemos a saber que foi mais uma promessa cumprida por este Governo.

Não fossem os aerogeradores do Paul da Serra, que durante muitos anos tiveram uma oposição forte de interesses obscuros ligados às térmicas, tudo seria normal e nada seria estranho. Se o vento parar, a Madeira tem agora uma lagoa no mesmo local para produzir energia hidroelétrica, cujos impactes ambientais nos aquíferos dos Concelhos a jusante ainda são desconhecidos, mas esperemos que corra tudo bem dentro do espectável. 

As energias renováveis mais conhecidas dependem da meteorologia, por isso esperemos que chova muito e que dê muito vento nos próximos anos para que a lagoa encha e os aerogeradores funcionem em regime de plena produção.

E, enquanto espera pelo Sol, a EEM através da EMACOM, lançou um cabo de fibra ótica no valor de 14 milhões de euros com a promessa do Governo Regional em baixar o custo das telecomunicações mas, o engraçado é que até à data o consumidor mais distraído ainda não se apercebeu de nada, todos os meses as operadoras continuam a manter os preços finais no consumidor. É um governo a prometer o que está nas mãos das empresas, ou seja, publicidade enganosa ou folclore.

Sejamos justos, na verdade a EMACOM tem a maior rede física de cabos de fibra ótica da Madeira que chega a quase todos os consumidores mas, devem estar fundidos, não se vê luz nenhuma no fim da fibra.

De boas intenções está o inferno cheio porque, entretanto, no fundo das gavetas, continuam por exemplo a substituição em massa dos contadores digitais inteligentes que permitam a leitura remota do consumo, obrigando a maioria dos consumidores madeirenses a efetuar mensalmente as leituras para não adiantarem dinheiro de uma energia que não consumiram.

Entretanto, em Portugal continental, os prestadores de serviços de energia incentivam à produção de energia solar instalando painéis nos telhados dos consumidores, numa latitude em que o Sol produz menos 20% de energia e com isso baixando o seu custo. Na Madeira continua-se a gerir a energia como há vinte anos atrás, ou seja, muito sorrateiramente no meio de muitos interesses mal explicados.

Enquanto chove ou não chove, dá vento ou não, a EEM continua a olhar para o seu gordo umbigo alimentando empresas fornecedoras de combustíveis, correndo o risco de serem adquiridas e terminar em mais um monopólio dos senhores do costume. 

Seria bonito de se ver a Energia, Telecomunicações, Transportes, Combustíveis e a Água nas mãos dos nossos eternos conhecidos.

Nisto tudo há uma história mal contada, por isso é melhor esperarmos sentados à espera do Sol.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 31 de Maio de 2021 22:27
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