BTT é o Novo Golf


H á umas semanas vi o anúncio da continuação do projeto do Campo de Golf para a Ponta de Pargo. Antes de se fazer um investimento/obra e, passados 10 anos, deve-se fazer um estudo de mercado e de viabilidade do projeto, não é porque já foi investido algum dinheiro que se é “obrigado” a continuar o mesmo. Se pesquisarmos de há 10 anos até hoje, o número de novos jogadores de golf diminuiu bastante, tanto a nível regional, nacional e mundial, ao invés do BTT, só neste último ano, por causa da pandemia, as lojas de bicicletas não tiveram mãos a medir. Qual foi o último campeonato de Golf nacional ou internacional realizado na ilha? Só me lembro da época do Ballesteros, quais as chamadas promessas regionais deste desporto? Será este um bom investimento de futuro?

Em claro ascendente vai o BTT (downhill, cross country), temos campeões nacionais e que participam em campeonatos do mundo. A Madeira organiza há vários anos uma etapa do campeonato do mundo de Enduro (as inscrições esgotaram em poucas horas). Em minha opinião, construir ali várias pistas de BTT, uma para crianças, uma para iniciantes e outra digamos que para “profissionais”, com parque de merendas, jardins e instalações sanitárias, onde poderão desfrutar tanto locais como turistas, era a aposta certa.  

Vamos a comparações:

Ponto 1, o local: é sabido que os extremos da ilha são os mais ventosos e sabendo que os ventos predominantes na ilha são do quadrante norte, a Ponta do Pargo é extremamente ventosa, será o 19 hole no calhau? Calculando os dias ventosos, de chuva e nevoeiro, quantos dias por ano se poderá praticar Golf ali?  Nesta zona da ilha, ainda existe muita agricultura e até os nossos governantes sabem que as alterações climatéricas estão aí, que infelizmente teremos períodos longos de seca e que temos actualmente nesta zona um grave problema de rega no verão. O BTT pratica-se com qualquer condição climatérica e não gasta o bem essencial H2O.

Ponto 2, custos: a Construção do Campo de Golf é elevado o das pista de BTT muito mais barato. 

Ponto 3, manutenção: o campo de golf necessita elevados consumos de água de rega (veremos a cascata da Garganta Funda sem água?), as pista de BTT necessitam de manutenção reduzida.

Ponto 4, o retorno económico: para a freguesia da Ponta de Pargo ... ZERO, os praticantes de golf passam o tempo todo dentro das instalações e depois regressam aos hotéis de 5 estrelas, os praticantes de BTT consomem na zona (bares, tascas, restaurantes), podendo dinamizar também os Alojamentos Locais.

Seguindo a estratégica do Governo Regional, das vias rápidas, será unicamente com interesses económicos (superiores) este caso do campo de Golf e de empreendimentos habitacionais. Localmente falando, o que é que as gentes da Ponta de Pargo ganharão com isso? Uma espetada e vinho seco na inauguração? E uma via rápida para os jovens “fugirem” para a cidade ou para outros países à procura de melhores condições de vida?

PS: reparei que o secretario regional Pedro Fino deu mais ênfase na sua entrevista ao complexo habitacional a construir na zona, lembram-se da polémica da Morgan Forbes e do time-share?


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Quarta-feira, 21 de Abril de 2021 20:14
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