"Infordelito"

 

A credibilidade de um órgão de informação para obter rentabilidade é essencial, pensemos no Expresso, na sua solução e localização, no entanto e sobretudo em espaços exíguos, a conversa é outra, um pouco como o Covid-19 e a Economia, se priorizas a Covid-19 dás cabo da Economia e vice-versa. O desafio está na justa medida.

Nalgum tempo, um órgão independente a noticiar verdades inconvenientes, obtinha do poder um estado de raiva que interferia na sua facturação, através de represálias governativas, abusando da sua omnipresença. Com um tecido empresarial anémico, o caldo está entornado. Digamos que vai da formação democrática de cada governante a liberdade dos órgãos de informação, sobretudo se o ambiente é exíguo. ERC e Sindicato da classe são anedotas, nunca estão na hora certa.

Os leitores estão viciados em "gratuito" e mais uma vez, a rentabilidade ameaça o jornalismo livre, facilitando quem quer controlar que, por sua vez, gera pobres sem capacidade para pagar informação quando existem outras prioridades nas suas vidas.

Os jornalistas, temendo pelo seu ganha pão, atreveram-se a buscar outros caminhos com mais garantias, tornaram-se mercantilistas da informação esperando reconhecimentos estranhos. Alguns obtiveram e não se importaram com a terra queimada que deixaram para trás, até porque na profissão não há Hipócrates para jurar.

Com o perdurar da situação, todos se acostumam. Tudo perde lógica e só vindo alguém do exterior para notar o circo de obscenidades que por aí vai no exíguo. O poder sabe que comanda a informação, e os donos da informação sabem que se mantém por servi-lo, por isso é vê-los cada vez mais descarados. Muitos jornalistas sabem que têm uma mão a amparar se não forem credíveis, é a antítese da profissão. O consumidor habitua-se, alheia-se e nunca mais tem confiança para comprar informação, pois ela vem mastigada. O poder vive feliz, destruindo mais um sector de actividade, como tantos outros.

Nesta pandemia, ter a economia dependente da omnipresença do GR mostrou-se um erro, porque primeiro chegará o apoio aos amigos e, todas as fitas publicitadas, são mais informação mastigada. A economia da Madeira parece uma família empregada na mesma empresa, que está em crise, o patrão é mais amigo de uns do que de outros, se tiver que despedir começará por aqueles que cumprem mas não bajulam. O caldo está definitivamente entornado.

Parece que está controlado, como os votos que, para cair na urna, no partido certo, resultam em campanhas cada vez mais onerosas. Quando o poder perder a mão na notícia, por falta de jornalistas sérios geradores de credibilidade, que façam fé, e o feitiço se virar contra o feiticeiro, será o caos. Ninguém se vai entender e surgirão os populistas para se aproveitar.

Nisto tudo há vencedores, ninguém dá por eles a se posicionar. Não me cabe dizê-lo, até porque quero ver cada qual a comer o pão que o diabo amassou.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2021 01:17
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