Hotel Transylvania

 

A construção megalómana do Savoy foi um erro que jamais qualquer interveniente que o viabilizou vai reconhecer. Viveremos com essa malta a se fazer de forte mas a tremer das canelas, enquanto tentarão vender o mamarracho a um operador mais bem posicionado, capaz de criar uma operação para enchê-lo mas, os custos fixos "matam".

Para quem não acredita no chamado "destino", o que dizer sobre o poder do dinheiro que comprou pessoas, votos, enquadramento legal e ergueu-se em total desrespeito por tudo e todos para acabar sucumbindo perante um vírus que nem o deixou inaugurar? Nem foi de fisga contra o gigante, esse que manda os contribuintes pagar os banquetes, liderando a comitiva presidencial ou nos eventos do hotel.

É interessante observar, numa reportagem da RTP-M, que o respeito deste hotel pelos planos de mitigação da propagação do Covid-19 é tão papel de música como as excepções abertas às obras, do mesmo proprietário, por altura da primeira vaga. Ninguém prevarica, o Savoy sim, e ninguém do Governo dirá nada, nem Pedro Ramos que parece ter metido a viola no saco. Miguel Albuquerque, forte com os fracos, não mandará multar.

Quem está atento, tem verificado que a quase totalidade dos eventos que surgem na região são encaminhados para o Savoy, o que vai dando razão àqueles que diziam que nem a justificação do emprego se iria dar certo, porque absorveriam os outros mais pequenos por dumping e o desemprego surgiria neles que fecham. 

Na reportagem da RTP-M, é impossível não verificar como aqueles que correm por sua conta não disfarçam a desilusão mas, o espertalhão mostra-se forte. Se bem nasceu a não respeitar as regras, pode-se ver que de novo o chico-espertismo o torna o único a fazer eventos colectivos para festejar o Natal e Passagem de Ano, em plena segunda vaga pandemia, com restrições impostas por aqueles que mais assistencialismo prestam para o sucesso do hotel, com eventos, jantares, congressos e conferências, compras de estacionamentos, etc.

Também é interessante observar como o marido da Directora Regional do Turismo, gestor hoteleiro da Quinta Furão, que deu à "consignação" quase todos os lugares do hotel a um operador turístico (portanto não gere nada), é outro positivista por duas razões evidentes. Quanto ao Savoy, vive os mesmos dilemas políticos do PSD-M, nunca dar o braço a torcer que correu mal, porque não respeitar as regras e ainda assim não sair vencedor é um desaforo do destino.

Vamos ver a peça da RTP-M:


Concluo, depois de ver o artigo de hoje do JM, que a hotelaria está a duas velocidades, ou seja, não estão no mesmo barco mas estão no mesmo mar, uma assente na realidade e que diz a verdade inconveniente, de acordo com aquilo que funcionários e pessoas ligadas ao turismo lidam todos os dias, a outra, que mesmo passando mal, não pode descalçar o Governo Regional, nomeadamente a Secretaria do Turismo, confere maus números mas vai usando a semântica. O nosso turismo nunca foi diversificado, os hotéis parecem uma família toda na mesma empresa que vai falir.

O turismo que chega é residual e não dá para aguentar hotéis abertos com as taxas de ocupação alcançadas, ainda para mais numa altura destas, supostamente forte de Natal e Fim de Ano. Por mais que pintem diferente, salientando aviões que chegam, o presente é negro e o futuro ainda pior ... nos próximos meses.

A política que desrespeita os índices de construção, zonas classificadas, património edificado e histórico, a loucura da abertura de mais hotéis, assinando quartos de forma abusiva perante o bom senso para uma paisagem integrada e agradável, na sobrecarga de saneamento básico e água potável nunca pensou como dar a volta a uma pandemia. O Savoy será neste mês como um navio de cruzeiros em terra, eles pararam, o Savoy não mas, vai moendo a algibeira de quem teve mais olhos que barriga.


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Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020
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