Um apoio para roubar dados



D epois de governarem para si e os seus, para os colaboradores e financiadores, usufruindo de todas as oportunidades e de evitar a dos outros, o povo fica com os empregos "precários" e mal remunerados, sempre a dois passos da insegurança. Chegados à crise e a pobreza, fica bem para a fotografia de alguns fazer caridade, anunciada em parangonas mas, sempre vazias de efectividade. São anunciadas mas ninguém alcança, a menos que sejas um pobre do sistema e se calhar nem te deslocas ...

Um relato real, dos que não gostam que se saiba.

S ou um dos milhares que levou uma pancada com esta crise do Covid-19. Meus rendimentos baixaram 80% e cheguei ao ponto de ter de pedir ajuda para conseguirmos passar esta fase, coisa que nunca pedi na vida. Procurei informação sobre os anúncios de apoios tanto do governo nacional como do regional.

Da Segurança Social alcancei o mínimo dos mínimos para conseguir pagar as despesas fixas. Não cobre tudo mas, no final do dia o processo não foi burocrático, passando apenas pelo preenchimento do impresso online e enviar. Funcionou.

Certo dia dei com a informação do apoio do Governo Regional chamado FEAS - Fundo de Emergência para Apoio Social.  Após alguma pesquisa cheguei a conclusão que tinha que me dirigir a uma Casa do Povo. Não entendo como é que temos orgãos eleitos em democracia, como as juntas de freguesia, e continuamos a ser empurrados para instituições criadas por partidos políticos para dar a volta a resultados de eleições de que não gostaram.

Nessa instituição fui alvo do maior pedido de informação que já tive desde que pensei comprar casa. Aliás, pior ainda. Esta instituição OBRIGA o cidadão a ceder toda a informação que entende, se quisermos sequer que o pedido seja analisado: todos os rendimentos do agregado, todas as despesas (comunicações, supermercados, viaturas, propriedades, etc) , IRS, hábitos de consumo, apoios que recebe, enfim um vasculhar completo da vida da pessoa e da sua família. Será que a comissão de proteção de dados concorda com isto? Senti-me exposto por completo perante uma instituição à qual não reconheço qualquer autoridade ou mesmo razão de existência. Fui por necessidade.

Como se não bastasse, acabo por descobrir que esta instituição apenas faz um contacto, depois toda a minha informação irá transitar para outra instituição que irá então analisar a minha vida por completo e, quem sabe, partilhar com uma terceira instituição. No meu caso, seria a Caritas, a mesma que tinha donativos do 20 de Fevereiro a render juros no banco. Foi a gota de água, vim embora!

Vejo milhares de euros anunciados para apoios a quem realmente precisa mas, com a minha experiência, chego à conclusão que o objectivo é apenas fazer capa de jornal e não dar apoio nenhum. Os palermas que ainda acreditam que pode ser real acabam por entregar toda a sua vida nas mãos de instituições duvidosas e depois vem embora pior do que entrou (porque expôs a sua vida toda).

Eu que passei por isto e penso como ainda é preciso estar pior para ter acesso a ajuda pergunto ... será que estes milhões de apoios existem sequer? Será que o objectivo é mesmo entalar tudo para depois canalizar o dinheiro por portas e travessas para outras "prioridades"? Será que estamos perante um tipo de financiamento a instituições com a desculpa de que é para ajudar as pessoas em dificuldades? Será que mais próximo das Autárquicas estes dados começam todos a "mexer"?

Obrigado pela publicação, era para mandar para o diário mas esses agora são mais uns que temos de mandar a vida toda para publicarem a porcaria de uma carta do leitor.

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Quinta-feira, 3 de Setembro de 2020 18:07
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