As contas de engenheiros que inflacionaram a sua factura de electricidade



Contadores inteligentes para engenheiros que não o são.


A EEM/ Vice-Presidência emitiu um comunicado (DN, JM, FN) para justificar o injustificável, isto é, o que a EEM chamou de “acerto das faturas de eletricidade”. Sinceramente parece mais um “acerto de contas” do que um acerto de faturas. E o melhor é que isto nem seria necessário se na Empresa de Eletricidade da Madeira SA, existisse alguém com bom senso!

Para aqueles que se lembram, o Sr. Presidente do Governo anunciou, com pompa e circunstancia, um desconto de 50% no consumo da energia por causa dos constrangimentos do COVID. E vejam lá que tudo leva a crer que ele é bruxo e até já sabia que o consumo ia aumentar em 50%, e que ficava elas por elas.

E para quem não está dentro do assunto, a história resume-se a que, sem aviso prévio, e com a maioria das pessoas em Layoff, ou em Teletrabalho, a EEM decide que junho é um bom mês para fazer acertos, onerando a faturação média de alguns dos seus clientes em mais de 300%.

Mas se tudo isto já não fosse mau, os senhores engenheiros da EEM decidiram no comunicado fazer umas contas de somar para mostrar que afinal o consumidor é que é o grande culpado. 

E o comunicado começa por dar um exemplo de um agregado familiar de três pessoas com um consumo médio de 281 KWH/mês e uma fatura média de 67 euros. Qualquer merceeiro que sabe multiplicar sabe que 281KWH a 0.15€ são 42€, ou seja, 25€ da tal fatura média são a taxas e não consumo.

E como se fossemos todos estúpidos, a EEM inventa no comunicado uma meia dúzia de exemplos académicos para justificar um aumento de 50% no consumo da energia, senão vejamos.

  • A EEM afirma que “Ligar a placa elétrica mais uma hora por dia, consome, em média mais 45 KWH/mês, ou seja, aumenta o seu consumo em mais 16%”. E os que têm fogão a gaz? E porquê ligar a placa elétrica mais uma hora? A maioria das pessoas antes do COVID já almoçava e jantava em casa.
  • E mais acrescenta que “Ligar o forno eléctrico mais meia hora por dia, consome, em média mais 37,5 kWh/mês, ou seja, aumenta o seu consumo em mais 13%.” 
  • Ligar o forno elétrico mais meia hora? Então é isso, além de mais meia hora da placa elétrica para cozer a comida, também mais meia hora de Forno elétrico para queimar o que se cozeu na placa? Ou então para fazer uns bolinhos? Sejamos honestos, quem de nós usa o forno todos os dias? A padaria Mariazinha?
  • E os exemplos não param. A EEM diz que “Ligar o computador mais seis horas por dia, consome, em média mais 45 KWH/mês, ou seja, aumenta o seu consumo em mais 16%.”

Aqui sim, as contas até são credíveis porque a maioria das pessoas estavam em Layout ou em Teletrabalho, isto é, tinham o computador ligado para trabalhar, mas em contrapartida o próprio Governo e as Empresas pouparam em Energia com o teletrabalho. E quanto é que o governo poupou em energia por ter os funcionários em casa? Quanto dá menos 8 horas de ar condicionado, menos 8 horas de computadores, e menos 8 horas de iluminação?

  • E os exemplos da EEM não param por aqui, no exemplo seguinte afirmam que “Manter a televisão ligada mais seis hora por dia, consome, em média mais 16 KWH/mês, ou seja, aumenta o seu consumo em mais 6%”, o que se entende disto é que antes do COVID as casas estavam sempre vazias sem ninguém do agregado. Meus caros engenheiros, as pessoas já viam televisão antes do COVID, e se estavam no computador a gastar energia não podiam ver televisão. Ou podiam?
  • E como se tudo isto não bastasse, a EEM conclui que “Cumulativamente, se fizer tudo isto, consome em média mais 144 KWH, ou seja, aumenta o seu consumo em cerca de 51%”.

Pois é, e no fim é só somar tudo junto. Mais 30 Minutos de forno todos os dias, mais 60 minutos de Placa Elétrica, mais 6 horas de televisão, e mais seis horas de computador vamos acreditar que dá os tais 144KWH, que convertidos em dinheiro dão mais 22€ mensais, portanto a fatura de 67 euros passaria para mais de 100 euros, porque as taxas são agora sobre os 425KW/H.

Sem querer chamar nomes, julgo que os engenheiros da EEM fizeram as contas para dar o resultado que queriam, e até tivemos sorte porque até foram porreirinhos. Vejam lá que se esqueceram de meter mais 4 horas de máquina da louça, mais 2 horas da máquina da roupa, mais 2 horas do ferro de engomar, e até, vejam lá, que até esqueceram-se dos 2 Nespressos a mais por dia que as pessoas bebiam em casa porque os cafés estavam fechados.

O problema é que os engenheiros da EEM não perceberam que o problema das faturas não são os tais 51% do aumento do consumo mas dos acertos efetuados de uma só vez, por culpa da própria EEM, que originaram faturas com 200% e 300% e não de 51%.

Com isto tudo, chegou a hora da EEM alterar a sua estratégia de investimentos e, em vez de investir em Algas Verdes e outros abortos megalómanos, que tal modernizar a rede terminal introduzindo leitores inteligentes, para que os seus clientes conheçam e façam a gestão justa do que consomem e do que pagam!

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Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 23 de Julho de 2020 23:40
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