Este é o betão que nos tornou pobres e nos vai tornar miseráveis



O betão não é rocha e carece de manutenção, mesmo que na Madeira não se saiba ou não se queira saber, porque isso é o garante de facturação no futuro.

Há muito tipo de betão consoante a finalidade a que se destina mas, algumas vezes, para se ganhar mais "enterram-se" umas coisas esquisitas nele ao que se adiciona pedras furtadas. Entre preço exorbitante, qualidade a menos e aplicação indevida, gera-se dinheiro para premiar as capelinhas.


Socorro-me das fotografias de um aficionado, o spotter Sílvio Silva Photography, sobre o estado em que está o betão na cabeceira da pista do nosso aeroporto, no lado de Santa Cruz e, a pergunta que fica, atendendo que esta foi das primeiras obras, como vão reagir os pilares que sustentam grande parte da pista do lado de Machico? Vão chegar a este ponto? Meus amigos, vamos ser pobres e comer pedra para sustentar isto!


Vistas estas fotos há perguntas a fazer:

  • Durante a cofragem, tiveram o cuidado de dar distanciamento entre o ferro e a superfície final do betão? Não me parece. O empreiteiro deveria ser responsável por má execução. Mas são todos amigos ...
  • Quem acompanhou a fiscalização desta obra? Mais amigos?
  • Ao deixar evoluir esta situação, o ferro está completamente "contaminado". Qual é a solução? Criar uma enorme quantidade de cimento à frente tipo solução das ribeiras? Vamos continuar a "enxertar" betão sobre betão à louca? Qualquer dia fecham-se ribeiras e salienta-se o betão por todo lado na tal paisagem.
  • Quando é que alguém, com vontade de zelar pelos dinheiros dos contribuintes, vai finalmente fazer uma ameaça séria aos DDT do betão, de que esta forma de montar obras marítimas tipo Lego são destruídas em dois tempos pelo mar porque o empreiteiro é FRACO! Alguém já viu com olhos de ver, mais de uma dezena de obras marítimas que em pouco tempo foram desfeitas? Mais obras para garantir mais obras? Isto não tem fim?


Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 29 de Junho de 2020 11:37
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Publicação e fotos de 11 de Março de 2018
Hemeroteca do Correio da Madeira
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As obras marítimas ou da orla costeira do Arquipélago da Madeira enfermam todas do mesmo problema pelo simples facto destas terem sido pensadas para a mesma "panelinha" das obras que copiaram vezes sem conta a mesma solução. Os concursos se fossem realmente livres, cada concorrente apresentava a sua proposta e a vencedora ia para o terreno para ser construída. Depois disso, a diversidade de abordagens nas construções marítimas ditariam, independentemente do preço, qual das diversas soluções seria a mais apropriada para a Madeira. A experiência recolhida ao longo dos anos seria validada na concepção dos futuros Cadernos de Encargos. Assim não foi, todas as obras subordinaram-se às mesmas pessoas, empresas e a tal panelinha que pensou, projectou, realizou e fez ganhar dinheiro, deixou à região um quebra-cabeça enquanto eles, de momento, gozam do dinheiro, comprando cada vez mais a Madeira e prevaricando ainda mais enquanto patos bravos desta região que não respeitam.

A forma mais simples de explicar ao cidadão comum o colapso das obras marítimas da região tem no parágrafo anterior o "esquema" de adjudicação. Quanto às obras, quase sempre optaram por caixões de betão pré-fabricados, deslocados para o local, feito um assentamento no fundo do mar e a partir daí empilharam os caixões e revestiram. Quando observar um paredão de betão maciço a ser derrubado não pense naquele volume fora de água, pense no mar a descalçar a base dos caixões assentes e toda a estrutura a ceder para por fim desmoronar.

Outra certeza é que as obras foram feitas para ganhar dinheiro, não para durar, o problema é que o sentido de aproveitamento de todos os fundos comunitários para a construção semeou uma enorme quantidade de obras de betão que carecem de manutenção e, só isso, é uma pipa de massa incomportável para orçamento da região. Assim, apesar da folia do betão prosseguir vamos assistindo, por degradação continua ou aceleração por tempestades, ao nascimento de verdadeiros monumentos da nova Madeira Velha. Porque é mais difícil disponibilizar dinheiro para manter, a loucura das novas construções continuam e o problema avoluma-se. Chegaremos ao dia onde a Pérola do Atlântico será um vazadouro de betão velho e ferro oxidado. É aqui que a APRAM, sempre sorvedoura de injecções de capital, deveria usar um negócio altamente rentável para manter as estruturas da Região em vez de permitir o enriquecimento sem custos do tal Grupo.

Desta última sequência de estragos provocados pelas intempéries nas marinas, paredões, cais, varagens, equipamentos, ETARs, etc, somam-se outros que já existem sem qualquer intervenção e oriundos de outras intempéries ou da simples degradação com o tempo. Segue-se a ilustração de como está o Porto de Recreio de Santa Cruz, exemplo onde os caixões cederam descalçados, onde a armação em ferro está muito à superfície do betão, oxida e estala, onde o mar "varre" a calçada portuguesa e paredões, equipamentos e estruturas, onde a natureza está a repor a praia que existia e onde todas as palmeiras adultas importadas morreram (e são largas dezenas). Ali se vê a incompetência e a falta de seriedade na abordagem das obras marítimas na Região a todos os níveis, desde a planificação, à qualidade da solução e dos materiais usados.

Amplie as fotos, valem mais do que mil palavras, observe os claros indícios do que foi narrado:

Desmoronamento da secção de cais à entrada do Porto de Recreio

Desmoronamento da secção de cais à entrada do Porto de Recreio junto ao varadouro

Pormenor que ilustra a razão do desmoronamento

Varadouro descalçado, deslocado e já sem continuidade com a restante obra

Caixão caído dentro do varadouro depois de se deslocar com "facilidade"
Seguem-se umas imagens relativas aos pilares que seguram a Via Rápida e a porção de aterro sobre o qual assenta a pista do aeroporto. Observem como numa zona de mar se coloca o ferro tão à superfície do betão. A zona é frequentada para lazer e manutenção tanto de locais como de estrangeiros alojados nas unidades hoteleiras da vila.






O memorial às vitimas do acidente aéreo TP425 19-11-1977 já não dignifica os seus propósitos, está degradado e sujo. Foi concebido para receber atenção regular, coisa que não recebe, a tal "manutenção". Parece que se tornou terra de ninguém, como tantas outras obras na ilha, construídas por meia bola e força, sem ponderação legal e técnica, muito menos com a preocupação de evitar a "manutenção". Parece que o memorial tem uma dedicatória muito para além do óbvio sobre aquele local:

"E mesmo quando já ninguém se lembrar,
estarei aqui para refrescar memórias e espíritos 
de quem por mim passar."





Todas as palmeiras importadas morreram e foram cortadas, cerca de 3 dezenas.