Senhor Diretor


Eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim. Filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), Meditaciones del Quijote, de 1914.

É cada vez mais difícil viver na Madeira, uma boa pessoa que não tenha mais remédio do que estar perto suja-se, é impelido a fazer a corte para gerar boas graças no statu quo, o estado das coisas, uma abreviação do in statu quo res erant ante bellu, no estado em que as coisas se encontravam antes da guerra, é bem a realidade atual onde alguns acham que vão conseguir manter o povo estúpido e sem ambições, não contando com uma rebelião por saturação e pobreza. 

A ascendência sugerida por dependência cria sempre um dolo perverso, de colocar os outros a fazer o trabalho sujo. Os cabecilhas que não têm cara para ir a eleições usam sempre outras caras e vão na sombra. Os "empresários da pobreza", nobres de verniz, fazem o mesmo, no entanto, quanto mais trucidam a verdade importa notar uma ilha a empobrecer, um fenómeno, quanto mais dinheiro entra mais galopa a pobreza e os mesmos enriquecem, têm mais atenção por continentais do partido e estrangeiros da mesma cepa, trocando madeirenses por endinheirados, muitos sujos como eles.

Neste momento quero me dirigir ao Diretor do DN da Madeira, depois de ler o seu artigo de hoje, faço-o num misto de sensações e sentimentos. Reconheço, sinceramente, que a sua função não deve ser fácil para conseguir levar um editorial e uma deontologia, a páginas tantas, deve se submeter ao mesmo critério dos eleitores, escolher o menos mau no meio da bagunça.

Evoluímos perigosamente no descaramento, os delinquentes polidos armam-se. As pessoas habituam-se e os standards modificam-se para uma tolerância e condescendência maior, no entanto, a situação piora até novo momento em que se volte a aceitar com condescendência e tolerância outro novo standard, mas continuamos na cepa torta e já sem remédio. Há muita gente a partir da Madeira, porque isto é uma democracia só de uma cor. Porque não há oportunidades consentâneas com a nova geração que têm o direito de não ser pedreiro ou funcionário de hotel. Numa terra em que mudam leis e orgânicas para encaixar o monstro e os monstrinho, a única coisa de pedra e cal é o modelo económico caduco associado à vanguarda da treta para, com licença, "mamar subsídios europeus" (link).

As ideias do Diretor do nosso Diário de Notícias estão bem, o problema foi de casting. Vou-lhe dizer com coração e sem maldade algumas coisas, e tanto o senhor Diretor e quem me ler avaliará. Primeiro, quando no clima de perseguições que existe na Madeira, um chefe de família que quer dar a sua opinião verdadeira, no intuito de melhorar a vida coletiva e conhecendo o ambiente de perseguições, assédios, etc, onde vai publicar? Nas cartas do leitor do DN-M que pede os dados todos das pessoas ou para o CM? Entenda que é como ir buscar sarna para se coçar. Perceba que nada é hermético, sabe-se e vê-se pelas páginas dos jornais como os proprietários do DN-M não são gente idónea para estar na Comunicação Social. Não é culpa sua, porque tem mais categoria, vemos cada vez mais gente da "máfia" a dar opinião. Alguns são de por as mãos na cabeça, de como cortam e recortam para encaixar uma peça de puzzle que não é dali. Onde estes estão, os outros que com certeza terão os seus defeitos, mas que pugnam contra o "déficit democrático", não estarão a alimentar a falsa pluralidade. Os jornais vivem o problema da política, os bons desaparecem.

Nem tudo é mau. O DN-M tem uma sorte, até para os seus funcionários, o rendimento está seguro acoplado ao poder nestes tempos de incertezas e sucessivas crises, mas depois quanto a idoneidade, essa morreu no dia em que foi vendido. Depois da venda, o Grupo Blandy, alguns jornalistas, diretores e colunistas estão-se a queimar lentamente, por necessidade, autocensura, virar o bico ao prego, compromissos propagandísticos, o aceder a caprichos dos proprietários, etc, sabe-se lá ... Os mesmos patos bravos que estão a dar cabo da ilha cimentando-a, da população madeirense e dando cabo do poder de compra, só querem saber cada um de si.

A democracia está doente e precisa de terapias. Com lata herege ... José Manuel Rodrigues.

Política, a arte de parecer, para ser mais vanguardista, skinimalismo, a arte de parecer natural. José Manuel Rodrigues não tem autoridade para afirmar o que afirma, a maior terapia era ir embora da política porque precisamos de vazar muito político lapa que sem a mesma não é ninguém. Na Madeira já aconteceu muita coisa, mas um político sem votos e às cotoveladas para chegar a Presidente do principal órgão da Autonomia foi a primeira vez. Anda ele nos contentamentos, nos moralismos e no skinimalismo ... como isto rima com canibalismo! Dito muitas vezes convence?!

Caro Diretor, o senhor cumpriu, foi íntegro e correto, ele não, usou-o. Devo informá-lo que por trás do Presidente do Parlamento que vê existe um outro, que não é diferente dos demais vasilhas tortas (em bom madeirense) (link). Em vez de comprar o Lojão à Fidelidade para a ALRAM, permitiu que o seu colega de escola comprasse e então arrendou, assim ele paga a prestação e fica ainda com dinheiro, mas também as mais valias de todas as obras lá realizadas, que não foram poucas e ainda uma porta para o espaço nobre da praceta da ALRAM com a capela (link). O Presidente do Parlamento foi até hoje o mais despesista de todos e em vez de se concentrar no seu trabalho que é fiscalizar o Governo Regional do Déficit Democrático, zela por ele e um dos proprietários de jornal dirigido para apagar as maldades dos oligarcas. Nunca uma assembleia acabou sem dinheiro meses antes do fim do ano, parecia a gestão do CDS, há muitos assim, não sabem gerir a sua própria vida mas vêm gerir a coisa pública. Mas também nunca houve tantos espetáculos na larga maioria para as elites. Não lhe cabe fazer agenda cultural, cabe-lhe fiscalizar, mas isso não quer fazer e torna-se igual ou pior do que aqueles que aponta. É fácil apontar os erros dos outros mas faz pior e, com a autoridade que tem, não se atreve a corrigir nada nos deputados para poder manter o tacho! Verdade ou mentira?

A saber-se:

Convive todos os dias com alguns deputados que atraiçoam o voto, que escondem o jogo, que acumulam funções, que desconhecem as leis, que produzem barbaridades, que são cúmplices das liberdades condicionadas, que protegem o seu e os seus, que se acomodam ao conforto do mandato, da imunidade e da impunidade e que até fomentam o insulto aos jornalistas, a quem incessantemente imploram espaço, destaque e favores.

Quer ser popular com todo tipo de obséquios a figuras que podem ter influência na escolha futura do Presidente da ALRAM, alguns deles escrevem sorrateiramente na travessia do deserto no jornal de que V. Exa é Diretor. Há aqui um desconforto, "eu sou eu e minha circunstância, e se não a salvo a ela, não me salvo a mim". Cá de fora muitos conhecem a sua natureza e percebemos como cada entrada se é sua ou do regime. Mas ainda sobre o Presidente da Assembleia, foi um indivíduo que desprezou a qualidade de gente capaz, com credenciais, os melhores do mercado para dar lugar aos tachistas do seu partido, aos amigos e à namorada do seu colega de escola. Também este Presidente, como que a comprar lealdade, propôs o aumento dos salários dos seus amigos como se recebessem pouco, tal como o PSD, usa dinheiros públicos para comprar lealdade e votos.

A nova geração não tem entusiasmo por política, por existir na sociedade portuguesa um certo descrédito em relação à classe que faz carreira no poder ou na oposição. José Manuel Durão Barroso, ... outro.

Este senhor também se põe de fora? Se todos fizerem o mesmo então não há déficit democrático mas um santuário! Vocês criam o ambiente que faz os poucos jovens que existem a partir sem medos, depois escondem a mão e assobiam para o lado. Onde há justiça há desenvolvimento! Durão Barroso foi o primeiro e único Primeiro Ministro que, em pleno mandato, abandou Portugal por um cargo na Europa. Transmitiu que vale a pena trabalhar por Portugal? Acreditou no país? Qual foi o exemplo? E lá foi ele presidir à Comissão Europeia. A renúncia de Durão Barroso abriu uma crise política que durou até ao final desse ano e que culminou em 2005 com a primeira maioria absoluta do PS, o PSD perdeu 34 deputados no Parlamento para castigo. Este senhor é tratado pelos cargos que teve ou pela maneira como destratou Portugal? E os jovens vão acreditar na política e ficar no país? José Manuel Durão Barroso olhou para o umbigo, desde então não parou de pulular em belos tachos e agora é orador que dá lições? É mais um que sem dignidade pensou em si e mandou o país às urtigas, foi isso que ensinaram aos jovens mas esses cá não têm oportunidades, elas são todas para a política. Vá dar banho ao cão! E quem pôs a assinatura na mentira da Guerra do Golfo?

Os que mais ***** a democracia
abrem a boca com moralismos!

Com certeza no Diário de Notícias também existe muito déficit, o senhor Diretor está ilibado, porque há um antes e depois. Que sorte mas, atenção, nós leitores vamos vendo cada vez mais o Diário de Notícias a dizer o mesmo em cada folha com a entrada de colunistas, os fazedores de opinião, ou na escolha das pessoas que são fontes da boa notícia. O contraditório está a morrer. Muitos jornalistas dessa casa não mudaram, adaptaram-se, e por falta de soluções neste ambiente, como tantos madeirenses padecem e se acostumam, ou há coragem e oportunidade ou morre-se nas mãos deles, esse é o verdadeiro déficit democrático para não dizer ditadura, já não consigo pronunciar autoritarismo.

Quanto mais passar o tempo, homens bons se sentirão da mesma massa, sem mais remédio, na clausura do regime que importa derrubar. Há quem atravesse o deserto, outros a solidão, ainda mais alguns na intensa falta de esperança. Há quem seja empurrado e há outros que, numa vida sem merecer oportunidade ou futuro, mantém-se na dignidade. É preciso avaliar em que escala se distinguem bons e maus, alguns oficialmente bons estão dando cabo da Madeira e dos madeirenses.

Senhor Diretor, há muito silêncio e silenciamentos, muitos suspiros profundos, muito medo e depressões, muitas quedas da ponte, isso não advém de uma democracia sã, tem razão, todos os órgãos de comunicação social nas mãos dos oligarcas da Madeira não é algo normal. Senhor Diretor, não o condeno, só lhe peço que não ponha a mão no fogo por ninguém. E repito, acho que depois da venda, o Grupo Blandy, alguns jornalistas, diretores e colunistas estão-se a queimar lentamente. Mas as coisas são como são, as oportunidades não aparecem do dia para a noite nem os patos bravos deixam de mostrar a sua natureza.

Obs.: A obra mais famosa de José Ortega y Gasset é a “Rebelião das Massas” (1930). (link) 

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 29 de Janeiro de 2023
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