Férias em Marraquexe


E ram 18H42 quando o avião tocou a pista do pequeno Aeroporto de Menara. A viagem tinha sido atribulada com o avião às voltas por causa de uma ameaça de bomba a bordo mas nada comparado com os ventos do Aeroporto Cristiano Ronaldo. Duas horas depois, os jornalistas foram reencaminhados para um terminal com uns míseros 42 mil m2 onde o motorista contratado pela agência esperava-os numa carrinha para os levar para um Hotel em Marraquexe.

Cumpridas as formalidades, aconteceu o primeiro incidente quando um dos jornalistas foi apanhado com 2 gramas de Cannabis nas cuecas, o que levantou algum sururu na polícia marroquina visto ter sido o 2º madeirense em menos de um mês a ser apanhado com droga naquele aeroporto. Depois de ser explicado que era remédio para os rins, o polícia sorriu, pediu desculpa e mandou os jornalistas prosseguirem, desejando-lhes uma boa estadia em Marraquexe.

Enquanto percorriam os 6km que separam o aeroporto de Menara de Marraquexe, o interlocutor meteu conversa e perguntou-lhes o que faziam na vida e, quando um deles respondeu que eram jornalistas, o motorista travou a fundo e exclamou “aqui os jornalistas não duram muito tempo!”. O Chefe de Redação sorriu e retorquiu que na Madeira também não, porque são logo convidados para serem Assessores de Imprensa do Governo. 

Já no Hotel, os jornalistas foram encaminhados para os seus quartos, e quando perguntaram pela ligação à internet, o funcionário respondeu-lhes que, como eram jornalistas, não podiam aceder à internet lá por ordens do dono do Hotel que, por acaso, era madeirense.

O Buffet era às seis pelo que só houve tempo para um rápido banho, vestir umas bermudas e descer. Chegados à receção e enquanto não eram horas para o Buffet, os jornalistas folhearam “O Diário de Mohammed” e o “Jornal de Marrequexe”, os dois únicos matutinos que se publicam em Marrocos que, estranhamente, traziam na primeira página uma foto de Pedro Calado com um turbante onde se lia “O Xeque arrasou!”.

Enquanto devoravam no buffet, Couscous, Bastila, Tagine e Kefta, o motorista tentava convencer o Chefe de Redação a trocar a jornalista loura por dois camelos, com o Chefe de Redação a manter-se implacável exigindo um apartamento com vista para o mar, porque era hábito na sua terra trocar-se mulheres e políticos por betão e não por camelos.

E quando o negócio já tinha tudo para se concretizar, ouviu-se tiros na rua e dez homens mascarados entraram de rompante empunhando metralhadoras  Kalashnikov e disparando em todas as direções.

Feitos reféns e encostados a uma parede com os restantes hóspedes, os jornalistas identificaram-se mostrando os cartões de sócio do Marítimo e foi então que o chefe do grupo de assaltantes gritou “Allahu Akbar” (Alá é grande) levantou os braços e abraçou todos os jornalistas “São do Correio da Madeira? Porque não disseram mais cedo? Bem-vindos à Frente Polisário!” 

Os jornalistas respiraram de alívio com a terrível sensação de que realmente estavam em casa!

PS: Sempre que haja internet em Marraquexe enviaremos textos para serem publicados. Qualquer dúvida sobre publicidade ou pagamentos de contas podem contactar o nosso correspondente na Rua dos Netos nº66. Pena não haver ferry para Marraquexe, metia-se uma betoneira a bordo e na volta vinha uma carrada de funcionárias públicas.