H oje, na sua crónica habitual no JM, o advogado Luís Miguel Rosa, Inspetor Regional da Autoridade Regional das Atividades Económicas (ARAE) fez um artigo muito bem elaborado sobre aquilo que sabe (link). Como não podia deixar de ser, o artigo está muito bem escrito e, por isso não vamos discutir legislação com quem sabe mais sobre o assunto do que nós. O artigo é como o óleo, de difícil de digestão, mas o importante é que o cronista acaba por reconhecer a injustiça dos preços e confessa-se de mãos atadas pela legislação. Só lhe ficou bem!
Mas vamos a factos. Há dois meses, uma conhecida Cadeia de Supermercados (não, não foi a que ardeu) anunciava uma promoção de uma determinada marca de óleo a 0.99 cêntimos a unidade com 50% de desconto, ou seja, pelo folheto o óleo custava 2.19€/L. O mesmo óleo custa hoje 3.99€, ou seja, fazendo contas de merceeiro, custa mais 82% do preço normal e mais 400% do que o preço da promoção. Mas diga-se, tudo dentro da Lei!
Mas como só de óleo não vive o Homem, vamos então a outro exemplo de produto alimentar. Uma conhecida cadeia madeirense de produtos congelados vendia há um mês atrás carne importada do Uruguai, sem qualquer promoção, a menos de 10€/Kg e agora, a mesma carne, está a 12€/Kg, isto é, um aumento de 20% de uma carne que está há mais de 6 meses num congelador. A energia que o congelador gasta já aumentou? Ainda não, mas para lá caminhamos! Será porque quanto mais tempo passa no congelador gasta mais energia e fica mais caro?
Mas como neste momento a carne e o peixe é só para gente rica, vamos ao pão, que é aquilo que os pobres ainda comem. Um pão de 50gr custa em média 15 cêntimos. A farinha aumentou 41% para 0.37€ o quilo, mas a água, a energia e o salário de um padeiro continuam igual, portanto um pão de 50 gramas devia aumentar menos de 1 cêntimo. Se a farinha aumentou 41%, porque é que a famosa Padaria Mariazinha vende (em promoção) vende o papo-seco a 12 cêntimos e muitas cadeias de Supermercados vendem-no a 17 cêntimos? Os padeiros da Mariazinha ganham menos que os Supermercado?
E o papel higiénico? E os shampoos? E o arroz? E o leite? É tudo culpa dos Russos que invadiram a Ucrânia?
Claro que a culpa não é dos supermercados que aumentam disfarçadamente a maioria dos produtos em 1 cêntimo resultando num aumento médio de um cabaz alimentar mensal em mais de 20%, para uma inflação que se diz ser de 5% (mês de março). Lá fazer contas de somar eles sabem!
Claro que os Supermercados dizem que não têm culpa nenhuma porque, como a maioria dos produtos que consumimos são importados e viajam de barco, a culpa do aumento dos preços é dos malandros dos transitários que aproveitaram o aumento do combustível para aumentar em 50% o preço da carga transportada.
Deixo uma pergunta aos leitores: Quem é que lucrou mais com a pandemia e com a guerra quando as outras atividades económicas se retraiam com a crise? O Sr. José?
Como ninguém tem culpa, o bandido é o consumidor que come e cala. Caro Sr. Doutor, por mais que se queira tapar o sol com uma peneira, é evidente que existe especulação e não confusão!
A lei não serve? Mude-se a Lei!
Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 3 de Abril de 2022
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