Madeira e o transporte aéreo, um "poço de ar".

 

S im, os preços da TAP estão caros para a Madeira porque ainda há baixa programação de voos e todos querem viajar no Natal e Ano Novo. Ninguém vai reativar contratos de "arrendamento" de aviões para depois da "febre" natalícia regressar a conjuntura desafiante sem rentabilizar. Também em janeiro, os politiqueiros deixarão de fazer política para consumo interno. Enquanto a Madeira faz política em todos os transportes e vai criando inimigos externos de forma ignóbil, cada vez mais um conjunto de decisores vão se fartando daquele pequeno mercado que nada respeita. Criam os problemas, fazem a conjuntura e depois querem se livrar do ónus. Sem política é isto!

A conjuntura, o escalonamento dos níveis de dívida da maioria das companhias aéreas, levará ao aumento dos preços das passagens aéreas, a um papel maior dos diversos governos no setor e a uma pressão financeira extenuante. Não conheço companhias áreas que não tivessem que pedir dinheiro emprestado mas vou conhecendo algumas que já pagaram a dívida, poucas. Significa que a "concertação" de preços elevados (não os do Natal) vai ocorrer por necessidade de todas e não de um cartel. Repare no seguinte, se a pandemia não se extingue as companhias não conseguem colocar o seu potencial em "jogo" para faturar e os níveis de endividamento vai aumentando. O reembolso desses empréstimos fica difícil de cumprir, o que piora as classificações de crédito e ao aumento dos custos de financiamento, enquanto os Estados auxiliam. Estado algum resolve isto de outra maneira! Nem os intelectuais do GR. Por isto, fica a sensação de que a TAP será um poço sem fundo, apesar de termos um Ministro pragmático, o que foi uma sorte! Qual a alminha do Governo da Madeira que segurava o "barco"?

O exemplo que a Madeira nunca adotaria pra alterar o seu modelo económico! Muitas cidades, destinos, aproveitaram a previsível ausência de pessoas para obras de grande transtorno e para se tornarem mais competitivas. A concorrência do destino Madeira virá melhor! Preparam-se para o turismo, algumas vão reduzir o seu impacto (desejam menos turismo) mas pretendem manter as receitas. No "céu" as companhias aéreas aproveitaram para se restruturar com coragem, incorporando aviões mais eficientes que deixem mais lucro (a TAP estava neste processo antes da pandemia), menos peso salarial por restruturação organizacional e operacional e ainda menos pegada no carbono a bem do ambiente. Restruturaram ainda o produto/serviço e nada disto poderá ser benéfico para o passageiro de onde vai sair o dinheiro para a recuperação. O preço das tarifas será mais elevado, haverá menos refeições a bordo, etc. As companhias aéreas preparam-se para o arranque em pleno a médio prazo. Este momento é pura gestão de "não negócio". Quem não se restruturar vai se arrastar até ao seu fim e é agora que o têm de fazer, enfrentando todas as fúrias (como as da Madeira). As companhias aéreas não têm metade do ORAM para betão, para bom entendedor... têm concorrência e não vivem numa ilha de lóbis de estufa...

Importante! Raramente as companhias compram aviões... "arrendam", se a crise baixou enormemente as receitas, por outro lado a paralisação da indústria permitiu contratos de "arrendamento" a dois terços do valor de tabela e vão continuar a baixar. "Arrendar" aviões representa normalmente 10 a 15% da base de custos fixos de uma companhia aérea. Repare no seguinte, se antes o negócio da carga aérea ia mal, visível pela redução e abate de aviões, a Covid trouxe a tábua de salvação para muita companhia aérea e um ensinamento, porque um avião de passageiros convertido (retirados assentos, a TAP fez isso) incrementou a quota de mercado de carga de 12% para 49%. É possível manter grande parte desta dinâmica, as companhias aéreas não estarão exclusivamente afetas a passageiros. A diversificação foi outra lição que as companhias aéreas receberam na pandemia. Onde der dinheiro... vão e isso pode implicar a coragem de extinguir destinos outrora importantes. Cuidado Madeira com os sinais que envia, o serviço público já não existe e a TAP vai se salvar...

A perceção que se tem é que quem se aguentar no negócio do transporte aéreo, de passageiros ou carga, terá um futuro de alto rendimento para pagar as dívidas acumuladas, o que significa que o berreiro da Madeira é um minúsculo ruído no problema global e a atitude de confrontação está errada, a política de consumo interno nada consegue, é preciso saber falar e ir ao encontro da dinâmica das companhias aéreas, falar a linguagem deles e não da política.

Estamos num tempo de não chatear mas de concertar, porque se está a planificar o futuro, estimado numa recuperação de 80% do negócio pré-pandémico em 2024 e será efetuado com viagens de lazer de pessoas ávidas de sentir liberdade e matar as saudades de viajar porque as viagens de negócios vão abrandar. Queimar capital de negociação com política (e os jornais que vão atrás) é se colocar como dispensável. Cair nas mãos da Ryanair é "excelente" para ver as outras companhias (sem apoios) se "pisgarem", aí é que vai ser doloroso reverter. Aquele pato bravo da neo-hotelaria tudo inquina! Até o jornalismo! Este secretário inchado pela publicidade que lhe ofertam mas não sabe o que anda a fazer. Garantido!

A Madeira não tem noção do seu tamanho e da dinâmica atual. Mais do que nunca e perante qualquer serviço para passageiro ou carga, a gestão será decida pela RASM (Short for revenue per available seat-mile), o lucro gerado pelo número de assentos que a companhia aérea disponibilizou multiplicado pelo número de milhas realizados pelos aviões da companhia, comparado com a CASM (Short for costs per available seat mile), o custo total da companhia aérea dividido pelo número de assentos disponíveis e depois multiplicado pelas milhas voadas. Esta continha decidirá mais do que nunca, perante as dívidas, o que se adequa melhor para cada destino, carga ou passageiro e se voa ou não. Carga a Madeira não tem, ficam os passageiros, em busca da Ryanair uma Discounter, que oferece pouco serviço e atende os destinos que entender (e não a Madeira). A situação afugenta as companhias de serviço completo, que voam para todo o mundo, têm diferentes classes de cabine e atendem a muitos mercados. Afugenta também as linhas aéreas regionais, que fornecem serviços com pequenos jatos para mercados secundários, normalmente para marcas de parceiros de serviço completo. Há muito que deixamos de ter a TAP a voar da Madeira diretamente para destinos europeus e agora vamos perder uma Lufthansa e a TAP, entre outras? Só faltava a primeira comprar a segunda quando isto assentar. Vamos usar a cabeça para além de encher o hotel do Avelino.

O governo faz folclore com o madeirense aproveitando-se do filão político das tarifas mas influi negativamente na decisão das companhias áreas com as taxas aeroportuárias (por dívidas do passado) e a quantidade de passageiros (então, era só o ferry?). A Madeira pode ostentar os títulos que quiser porque não é as Canárias a encher aviões (a reativar)... O GR que baixe a bola e comece a aprender a linguagem! Não vamos nada bem.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 17 de Novembro de 2021
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