A primeira Página


A vida está difícil no Pasquim mais lido da Madeira. Desde que o Chefe de Redação assumiu a sua relação amorosa com a única jornalista lésbica, o ambiente na Redação está de cortar à faca. Depois da maioria dos jornalistas terem saído para Assessores de Imprensa do Governo Regional para receberem uns miseráveis 3000€, os jornalistas que optaram por ficar no Pasquim sentem a vida a andar para trás.

Além da trotineta elétrica estar sempre sem carga, as únicas notícias que chegam ao Pasquim vêm já sem erros ortográficos da Central de propaganda do Governo, levando ao desespero os únicos jornalistas idóneos que continuam a acreditar na liberdade de imprensa.

A crise é tão profunda no Pasquim que a D. Clarisse, entre as limpezas do WC e da sala do café, é a nova responsável pelo Horóscopo e pela Necrologia. E como um mal nunca vem só, o jornalista maneta foi promovido pelo Chefe de Redação a técnico de informática, por ser o mais rápido a teclar com uma só mão e a cadela Sissi foi promovida a correspondente no estrangeiro.

Agora à Redação do Pasquim só chegam os números do COVID devidamente martelados, as previsões meteorológicas do IPMA que, como se sabe, nunca acertam e a agenda política dos membros do governo que mais parece um guia de boas práticas.

Na Madeira, os políticos agora são pessoas sérias, já ninguém é assaltado, não existe tráfego de droga, fome, vandalismo, pedófilos, violência ou venda de álcool a menores e assim fica difícil a qualquer jornalista idóneo ganhar o prémio Pulitzer nesta terra.

Infelizmente, os únicos jornalistas madeirenses que investigavam e questionavam o poder já não estão entre nós, e hoje, quando uma mãe pergunta aos filhos o que querem ser quando forem grandes, em vez de “médico” ou “engenheiro” eles respondem “jornalista… para ir trabalhar para o governo”.

Do seu túmulo no inferno, Joseph Goebbels deve estar a se sentir orgulhoso com tudo isto.