O Messias

 

E ra conhecido como o Messias e sacrificou-se na cruz para salvar a Madeira da ditadura de 40 anos. Os Judeus empreiteiros viam no Messias um perigo para os seus negócios e para eliminá-lo compraram Judas que, por 30 euros, indicou o local onde o Messias se encontrava.

O Messias foi detido na última ceia com os seus apóstolos pela Judiciária, a mando de uma Juíza de instrução por suspeitas de prevaricação e incentivo à violência. 

A 26 de setembro, Pilatos reuniu o povo da Madeira na Praça do Município e perguntou-lhes quem escolhiam para salvar, se o Messias ou Miguel Gouveia. O povo com o estômago cheio de frango decidiu, por maioria de 48% dos presentes, que seria Pedro Calado que, por um triz, salvou-se assim da cruz.

O velho jarreta do rei Herodes, que sempre quis lixar o Arcanjo Miguel, regozijou com a salvação de Pedro Calado, pois era meio caminho para a sua terrível vingança.

Maria estava perplexa porque não queria acreditar que o seu filho, o Messias, amado pelo povo, estava condenado à morte por ter sido injustamente acusado de ter cometido os sete pecados mortais de um político.

O povo festejou com fogo-de-artificio a salvação de Pedro Calado que foi apanhado no meio da orgia na marmelada com Maria Madalena. Surpreendido com as calças na mão, o santo Pedro Calado, tal como o apóstolo Pedro, negou três vezes conhecer o Messias e prometeu em sua honra construir um Santo Sepulcro por baixo da Praça do Município.

Entretanto Judas mostrou-se arrependido e como não havia uma corda para se enforcar, fugiu num contentor para a Figueira da Foz.

E foi assim, que ao entardecer do dia 27, no meio de uma terrível tempestade de poeiras do vulcão Cumbre Vieja, o Messias morreu, sem antes ter perdoado Barrabás e de ter pedido a Deus “Pai, perdoai-lhes, porque eles não sabem o que fazem”.