N unca percebi muito bem para que serve este dia de reflexão, porque posso fazê-lo a qualquer momento e não preciso de compartimentar nem levo muito tempo. A política não nos surpreende, vai cansando e nos fazendo ficar cada vez mais velhos rezingões sem esperança. Até porque está cada vez pior. Talvez seja consciência do Estado sobre a quantidade de mentiras que se produzem a par de re-inaugurações, re-anúncios, re velhos temas nunca resolvidos, re cartilha do engodo. Já por aí ficamos possuídos, eles sabem e nada fazem, não há tempo depois de satisfazer as clientelas e esgota-se o dinheiro, ou seja, não pensam em quem vota.
Nem sempre vou votar, voto quando vale a pena e não me digam que tenho que ser cúmplice para escolher de um mal menor, para riscar o meu nome dos cadernos eleitorais, desta vez vou porque sinto um indivíduo que vale a pena arriscar.
As campanhas eleitorais são para informar e se bem que não informem porque a verdade está cada vez menos presente, os candidatos dizem o que cai bem para obter poder e depois fazem o que querem, enfiados em grupos que se dedicam em ser alguém, usurpando o Estado. Lamentavelmente, a política parece que repugna os melhores e cada vez mais acolhe os que não prestam. Valer a pena ir votar é encontrar, até à data do voto, alguém que nos convence. É a minha leitura.
Esta manhã, como muitos, estive a fazer scroll no Facebook e deparei-me com um indivíduo se fazendo de moralista (falso moralista), a opinar sobre os outros quando tem um tacho na Função Pública onde não comparece, escreve num jornal coisas que ficam bem e mantém a sua graça colaborando, é família de um lado e vai despejar a outro, atraiçoando a sua verdadeira família de consanguinidade para que a sua "família" do tacho o tenha em consideração. Se assim não fosse teria que marcar presença no trabalho, é disto que vejo que me afasta da política e das eleições. E se for um desempregado? Um empresário aflito? Um emigrante? Posso não estar correcto mas só vou quando vale a pena votar, quando são todos iguais não sou cúmplice para viver com remorsos. Desta vez vale a pena.
Da campanha eleitoral, o resumo é este, quando se promete e anuncia muito depois de um interregno entre eleições, que são verdadeiros desertos na solução de situações do foro público, que afectam as pessoas, eu só posso concluir que eles sabem ou se informaram de tudo naquele momento eleitoral para convencer as pessoas mas, como antes isto já aconteceu e nada fizeram, conclui-se que é uma renovação de engodo. Aliás, quem pega numa campanha passada, pode ser as outras Autárquicas de 2017 ou as Regionais de 2019 e sobrepõe com esta campanha de 2021, encontram um enorme rol de situações revisitadas onde nada se resolveu. Porque a Saúde é um problema chovem médicos, porque o museu está prometido é anunciado pela enésima vez, porque os animais são tema popular despeja-se dinheiro para ficar ao lado mas não há consciência, etc.
Por último, para que meu texto não o mace, observar como é cada vez maior o rol dos dependentes que são obrigados a colaborar e ser situacionistas, isso tem influência na verdade eleitoral, os que votam por objectivo pessoal. Quero também salientar a comunicação social a servir os interesses de quem os paga com pequenos privilégios de página, dedicação e quantidade, de permitir o abalroar da explicação para que o prevaricador não perca o debate, de abordar temas inócuos, das imagens de estúdio/Photoshop/sorrisos, dos textos standard feitos por agências, etc. Estão ou deslocaram o centro do debate.
A verdade está cada vez mais ausente para não dizer que vivemos uma intensa mentira, aliás já é compulsivo e faz imaginar tudo o que não sabemos, penso que está aqui a razão do recrudescimento das redes sociais, que não são mais do que a revolta, a agonia e a exposição das injustiças que as pessoas sentem. A indignação do curso enganador, que faz de uns sempre com a verdade cada vez mais ricos e, os outros, recriminados cada vez mais pobres e sem soluções.
Quero dar os parabéns pelo vosso trabalho, sinceramente, porque estão fora desta caixa, da redoma e do politicamente correcto, fora do cinismo. Finalizo dizendo que desta vez vou votar.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 25 de Setembro de 2021
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