Da ameaça mundial ao frete regional na notícia

 

Q uem é consumidor de notícias, os que estão ligados à terra e gostam de saber a quantas isto anda, depara-se com um sem número de "fakes" que o acabam divergindo, ao longo do tempo, para outras formas de se sentir informado. Pessoalmente, detesto notícias que têm por base a intenção de fazer publicidade paga mas, que assumem o formato inocente de informação e por ali se ficam,. Noutras ocasiões, o facto de pagar por publicidade explicita, leva de borla notícias a gosto do freguês, como antigamente "músicas pagas a gosto do ouvinte" para celebrar alguma coisa.

Depois temos a notícia bem embrulhada, título e imagem "provocadoras" que levam à leitura e que acabam em fraude, um bom embrulho que dá em nada, a montanha a parir um rato para pageviews, Sempre à volta sempre do mesmo, como laranja que se espreme e não dá sumo apesar de grande e viçosa. É a chamada "casca grossa".

Temos as notícias "porque sim", porque sou proprietário da informação como outros são da democracia e oferecem um naipe de candidatos, todos eles maus. Notícias "porque sim", porque sou mandante com ascendência, fazem o ridículo porque são uma bajulação que nasce da necessidade de aparecer, enquanto notícia, para melhorar a imagem (que nunca melhorará) perante a agressão que seus negócios fazem à economia da região e ao bom aproveitamento dos dinheiros públicos.

Temos os jornalistas cativos, aqueles que sempre cobrem a mesma temática ou os mesmos alvos e que perderam o sentido do contraditório porque acostumaram-se, deixaram de ter coragem, por ligação próxima ou ascendência dos prevaricadores, que são muito bonzinhos com eles, justamente para o jornalista se sentir mal em dizer algo contrário. Não são só os políticos que devem ser como as fraldas, há jornalistas que também precisam de rodar. Há artistas que ficam felizes ao ver determinados jornalistas, alguns até perguntam como deve sair a notícias aos "principais" interessados, quando ela não vem requentada dos assessores ou, delineada com imagem a preceito, por uma empresa de marketing. São os jornalistas mensageiros, basicamente assessores remunerados por outra entidade patronal em seu "desbenefício".

Naturalmente, que quem fala de jornalistas, fala de grupos de debate, programas de mentalização, jornais completos, TV's absurdas que se envergonham com trabalhos feitos por outras generalistas e desligadas (directamente) da Região. Quando isto acontece, perguntamos ... andam a dormir? Cá nada, estão bem acordados mas deitados para o lado da zona de conforto. Jornalismo para alguns é fugir da notícia, uns por safadeza outros para não terem problemas na vida pessoal. É que seu patrão é um dos interessados na calmaria informativa.

Existe também o contra-jornalismo, os que fazem jornalismo perverso, não ouvem duas partes nas polémicas (só o status quo) mas, ouvem a "outra parte" (o status quo) quando uma notícia desagradável atinge o poderoso. Aí sim interessa fazer o contraditório, para melhorar a sua situação, baralhar a verdadeira notícia, é o chamado frete. Muitas vezes, vem a pedido e até escrito na forma como deve sair.

Existem as notícias "chover no molhado", como menos carros na estrada após o confinamento ou o recolher obrigatório, entre outras pérolas que também as "Estatísticas" ajudam à festa, juntando-se ao jornalismo na "não informação" ou "contra-informação", um pouco como alguns fazem sondagens à medida, dedicam-se a tretas omitindo o filão.

Muito haveria por dizer mas, basta arrematar com a UNESCO que, coincidindo com o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, observou as crescentes ameaças à imprensa (livre). A piada está em que a realidade internacional é contrária à situação regional, onde se aboliu as ameaças perfilando o jornalismo com o principal agressor, que é poder e enriqueceu alguns para comprarem a notícia. Esta observação vai cair muito mal naqueles jornalistas que ainda têm brio para dizer "verdades" mas, que também sabem que a maioria faz a imagem. Como em quase tudo, se queres ter uma profissão séria, emigra para sítio maior. Por cá é tudo de meia dúzia que agora até são jornalistas, sem carteira, assessorados por jornalistas sabujos que se deixam ficar na zona de conforto.

Tenho a leve impressão de que voltarei ao tema, isto é como as cerejas, escrevendo e lembrando tanta forma de frete. Eu, ao contrário da Unesco, sentiria-me feliz pela Imprensa estar sob ameaça, era sinal de que tínhamos verdadeiro jornalismo. Por cá isto anda sempre ao contrário. O Eduardo Jesus que pague para vir a conferência da Unesco à Madeira, para o próximo ano, ele consegue a melhoria de 100% em 365 dias e, a ameaça passaria para as redes sociais. Teríamos autênticas "pedras no charco" a apoiar a iniciativa para arrastar a asa.

Parabéns aos jornalistas resistentes, não sai nas estatísticas mas os consumidores adoram-nos.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 4 de Maio de 2021
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