Quando o idoso segura a família

 

N ão é novidade e volta a acontecer, o primeiro momento desta realidade aconteceu na era do país com Troika, na vigência do mandato do insensível e miserável Pedro Passos Coelho. Num país de trabalhos precários, logo que se estraga a normalidade afunda-se a ténue segurança que muitos vivem, sempre na esperança de dias melhores ou um reconhecimento.

Ora eu disse, e bem, afundar a normalidade, se com a Troika vivemos mas havia economia, a Covid-19 tornou-se um ícone à anormalidade e não há economia. Se juntássemos Pedro Passos Coelho e a realidade de hoje, teríamos fome em Portugal. Os luso descendentes retornados que pensem.

Mas se é do PSD a origem da Peste Grisalha cabe-me, neste momento, dizer que são muitos os idosos que aguentam as famílias, com as suas reformas, devido a aposta do país em empregos precários e vencimentos baixos.

Se os mais novos vivem de crise em crise, os idosos vivem de auxílio em auxílio, colmatando naquilo que o Estado e os governos são autistas, em redor das suas políticas e as suas propagandas. Achei por bem hoje, porque vivi de perto a situação de uma família, fazer um grande elogio aos idosos, ainda firmes e irtos, com uma fabulosa importância no seio das famílias. Pela calada e por entre muita vergonha da pobreza, temos muitos idosos como elemento mais activo das famílias, a tratar de gente nova em depressão e sem esperança.

Importa salientar o que muitos sentem ao ver o financiamento de obras sem fim, efectivas e com pagamento, comparadas com muitos anúncios sociais que não chegam.

Há os idosos que põe comida na mesa de famílias com casa mas também há os que acolhem em casa a família sem casa, porque a perdeu e não me falem em moratórias, são como os apoios às empresas, se tens garantias pessoais avançam senão é um foguetório. Os bancos só te dão guarda-chuva quando está sol.

Mas, se há idoso que alimenta famílias e dão casa, ainda há aqueles que compram medicamentos e pagam consultas àqueles que na família afundaram a sua mente ou a tristeza corrói o corpo. É um milagre porque somos também país de baixas reformas. E é neste momento que se deve dizer que, em caso algum um idoso deveria abandonar o seio familiar, não por interesse mas porque faz realmente parte e é um activo. Que os nossos dias sejam testemunha e que haja muita saúde para eles.

Lamentavelmente, temos governantes que não saíram da vida e da economia real, não fazem a mais mínima ideia de como ajudar efectivamente.

Sem emprego, familiares passam a depender dos mais velhos, aposentados, e os números estão a subir. Afinal ter reforma é como ter um tachinho no Governo, é dinheiro e vínculo seguro. É momento para se dizer que a Madeira passa por um envelhecimento populacional importante e uma demografia em colapso. Quem mora com os pais retarda a saída porque não tem segurança laboral. Aqueles que já eram independentes, ao se deparar com o desemprego, voltam ao lar parental. Estamos com a Covid-19 a viver um novo fenómeno da pobreza que já crescia na Madeira, o núcleo familiar à volta do idoso que conseguiu organizar a vida.

Que futuro estamos a construir com esta insensibilidade social? Nós mais novos, chegaremos todos irremediavelmente e por permanente adiar de vida, a sem abrigos na 3ª idade?

Agora imaginem se falta o idoso, principal alvo da Covid.

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Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 31 de Março de 2021
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