Cemitério com dignidade na balda

 


É sabido que durante todo Covid-19, agora está melhor, grande parte dos actos fúnebres eram feitos sem o respeito pelas regras de distanciamento social e de protecção pessoal. Quem estava minimamente atento, e com o devido respeito, parecia que o morto chamava pelos outros ...

Sabe-se que, estas coisas de empregos sui-generis depois entram em "piloto-automático" e o ser humano cria uma barreira para não se deixar afectar psicologicamente. Profissionais da Saúde a encarar a morte, malta que prepara os cadáveres para os funerais, gente dos cemitérios, etc. No entanto, o respeito deve manter-se porque cada momento é importante para cada um com os seus, ou seja, é repetitivo e "mais um" para os profissionais mas único para as famílias em dor. Devemos de todo, competir com os 4Litro com o "Férias com o morto".

Desde há uns tempos para cá, tenho notado que no Cemitério de Nossa Senhora das Angústias, em São Martinho, ver uma cerimónia fúnebre é mesmo "uma angustia", em particular pelo serviço prestado por parte dos funcionários, não que a culpa seja deles! Basta separar trabalhos e para cada um estar vestido a rigor.

Das vezes que me desloco, tenho apreciado a regressão pelo aprumo e respeito, é que antigamente os funcionários daquele cemitério, nos serviços fúnebres, iam bem apresentados com camisa branca e gravata preta, mas desde há uns tempos para cá isso não se tem verificado. Ainda um dia destes, assisti a duas cerimónias e o que aconteceu foi tudo menos fazer o funeral de forma digna ao defunto e seus familiares. Um dos funcionários tinha uma farda castanha, com as calças literalmente penduradas pelos glúteos (rabo) abaixo e com a roupa interior à mostra a pegar na urna, não acho que seja digno para a dor da família e do defunto! Uma camisa dimensionada e "ensacada" nas calças não dá nisto, não farda de cavar.

Logo nesse mesmo dia, no segundo funeral, eis que aconteceu outro caso insólito, uma clara falta de funcionários para pegar na urna (só dois) que, pelo peso da mesma, eu já rezava mais para não caírem os três no buraco do que pedir pela alma. Eu e todos perdemos a atenção no momento fúnebre para passarmos aflitos a ver quando é que deixavam cair o caixão. Um dos funcionários, em claro desenrasque, estava com o fardamento todo cheio de terra. São pau para toda a obra. Ele estava errado? Não, ele veio deitar a mão, só faltava acusá-lo e deixar os seus responsáveis impunes. Isto é falta de gestão.

Atenção, não quero com isto rebaixar tão digna profissão de coveiro, que todos os dias trabalham e estão sujeitos a suportar a dor de quem perde um ente querido! Quero sim chamar a atenção aos responsáveis para que arranjem uma solução e que se dê um funeral digno a quem parte para a sua última morada e que, os familiares do defunto, não sejam obrigados a ver um funcionário vosso a perder as calças e mostrar a roupa interior, situação que mais parecia um streptease com varão do que um funeral!

Nota:
Não tirei fotografia por respeito aos funcionários e por não ser permitido por lei fotografar alguém sem a devida autorização! Mas apetecia, porque uma imagem vale mais do que mil palavras.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 10 de Setembro de 2020 02:30
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