Humanização na Saúde, precisa-se URGENTEMENTE !



Acabe-se com o despesismo e a mercantilização da medicina

O doente no centro do sistema ou o sistema no centro e a carteira do utente ao lado!

O sector público, na área da saúde, fortemente ao serviço de uma classe a médica, faz do hospital uma mina de ouro, interminável. São os programas de recuperação de listas, as prevenções com o “cu em casa” e as observações online, com respectivos internamentos autorizados pelas novas tecnologias. Já foi consultado por telefone? E o estetoscópio passou pelo bucal do telemóvel?

Na desorganização e caos da Saúde no sector público, está fortemente organizada numa teta que alimenta vencimentos principescos, uma manipulação doentia daquilo que deveria ser a defesa do interesse público, num hospital central, cujo orçamento vem todo da carteira do contribuinte e dos impostos que ele paga religiosamente, para que depois fique como "ser menor no sistema" perdurando anos em listas de espera e que ... morre sempre esperando.

Os contribuintes que podem pagar têm o seu problema resolvido na privada, "dupla tributação", eles financiam essa privada com exames, e mais exames, numa roda-viva da mercantilização da saúde. Se na Saúde Pública a lógica deveria ser de quer-se doente fora e tratado o mais rapidamente, a privada, rege-se por outra lógica que a financia: doente curado é cliente perdido. Logo doente crónico, é o ideal, aquele que passa o resto da sua vida sendo examinado, por vezes de forma excessiva e abusiva: ninguém consegue controlar, porque o controlo está na mão de quem faz o diagnóstico, institui a terapêutica e depois passa o respectivo óbito, numa sociedade que se conforma e pouco reclama.

Basta seguir um caso na família, basta passar meses a fio num hospital, basta ser o acompanhante, de um doente, para nos apercebermos da tramóia que está instalada, agora até o COVID ajuda. Com ele se justifica tudo esteja atrasado, que as listas se agravaram, que a Saúde está em risco de fim de vida.

O fim de vida deveria ser considerado e levado em linha de conta, pelos técnicos superiores da saúde, nos exames e no sofrimento, perfeitamente dispensáveis, tratamentos duros, como a hemodiálise, que alimenta um sector da medicina privada, que deveria ser fortemente monitorizada, auditada e vigiada. Ao acompanhar um doente destes, deparamo-nos com internamentos e analises todos os dias, com exames absurdos e excessivos, desumanizados, face ao estado clínico do doente, considerando a idade e um prognóstico de fim de vida. Tudo numa unidade de internamento e num SRS, que está no limiar da falência. A gestão destes recursos deveria ser controlada mas, assiste-se a uns coitados de amarelo, novinhos, em período de estágio, que visitam os doentes e que lhes aplicam, sem dó nem piedade a cartilha mercantilista.

É admissível, e como se compreende, que um doente em agonia, em fase terminal da sua doença, tenha de fazer um exame radiológico e logo de seguida morre, uma sorte não morrer no serviço de RX, os mesmos que por vezes lhes pedem análises todos os dias, exames e endoscopias, para quê? Será que S. Pedro está a ficar assim, tão exigente, ou não existe ninguém com bom senso a gerir os serviços de internamento, uma função que deveria ser dos directores de serviço que parecem continuar ao serviço do COVID? Estes maus hábitos estão enraizados e o sector público é um filão de ouro, uma gorjeta no salário, de quem não descola do consultório e usa o público como sua oficina privada ao seu serviço.

O Sr. Secretário que engorda a olhos vistos não vê isto ou, claro que vê mas assobia para o lado, porque precisamente porque sabe que o sistema funciona assim, e que alimenta a sua classe, em milhares de contratos feitos à roda da pedra e que o Tribunal de Contas está farto de denunciar.

A Saúde na RAM só muda se morrer e o doente, esse, morre sempre. Agora vão usar o bispo para consagrar estas "mamas".

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 10 de Setembro de 2020 12:33
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