Tiranicidium vírus



Sonho? Pesadelo? Não sei.
Foi lindo. Foi horrível.
A vós deixo o que vivi.

A lbuquerque perdeu o Governo. Eleições foram convocadas … e o vírus começou nessa altura. Começaram-se a ver grandes mudanças psicológicas em certos indivíduos: arrogantes passaram a humildes; antipáticos a simpáticos; nas redes sociais só liam insultos. Muitos pensaram: é devido às eleições.

À medida que as eleições se aproximavam vírus se propagou. Os infetados passaram a alternar na bipolaridade entre a depressão e a euforia.

Albuquerque perdeu. Santo ganhou.

Nos dias seguintes, mais infetados apareceram: gritaram que o Fim do Mundo se avizinhava, outros iniciaram a mudança de vida: vender tudo e emigrar, e ainda havia os que ficaram mudos. Até ao momento em que a tara por “papéis” se iniciou ninguém desconfiava que havia um novo vírus: o Tiranicidium. Documentos desaparecem, arquivos ardem, incêndios em muitos edifícios estatais…

Os desequilíbrios psicológicos dos infetados foram cada vez mais notórios: inimigos assumidos de Santo passaram a ser seus maiores apoiantes. Houve uma epidemia de agorafóbicos.

Quando Santo toma posse, a loucura está disseminada. Imediatamente, informa a Organização Mundial de Saúde da epidemia. Em seguida, a União Europeia e o Governo da República pagam biliões para impedir a saída dos infetados.

Não se consegue descortinar a origem da infeção. Só se sabe que afeta residentes ligados ao PSD-M. Talvez a fonte seja química (de alimentos ou água), talvez seja biológica (vírus ou bactérias)… o que é certo é que os sintomas psicológicos são graves e bastante visíveis.

Santo, como Presidente do Governo Regional, inicia o confinamento obrigatório dos infetados invocando perigo para o paciente e para a sociedade devido à anormalidade psíquica desses. Detetam-se mais casos da epidemia, grandes apoiantes do confinamento obrigatório (promovido por Albuquerque) começam a proclamar que estão a ser perseguidos, que a Constituição está a ser violada. São imediatamente confinados.

Entretanto sabe-se que o Tiranicidium é transmissível: alguns psiquiatras que analisaram os infetados desenvolvem a doença.

Os infetados que solicitam habeas corpus comparecem perante os juízes em estado lastimável: seu discurso é incoerente (as Autoridades negam que os tenham medicado), estão sub-nutridos (pois segundo as Autoridades recusam-se a comer) e mostram cicatrizes de auto-flagelação. Nenhum habeas corpus é deferido. Todos ficam confinados.

Esta epidemia dura três meses. Ao fim dos quais, o Governo Regional deixa de ter dívida, a Liberdade de Expressão é implementada, a corrupção praticamente extingue-se, injustiças são corrigidas…. mas os infetados nunca recuperam a sua sanidade: são dados como incapazes para trabalhar. Alguns até vão presos por se descobrirem suas manigâncias.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 8 de Junho de 2020 18:40
Todos os elementos enviados pelo autor. Ilustração CM.