A novela de Porto Moina


A Emanuela Cama, Alcaide do Porto Moina, sonhava desde criança ser uma noiva feliz e prendada, ela tinha um rico enxoval rosa e era a chefe do partido dos Xoxialistas. O seu casamento foi preparado ao pormenor, e para ela seria um enlace  inesquecível levar o seu noivo Paulus Camafofo ao altar dos Xocialistas.  Para não defraudar o seu amado, começou muito cedo a preparar o enxoval, com toalhas de linho de bordado Madeira, lençóis de seda, com corações bordados a  caseado e recheliou, e com alguns toalhetes em ponto cruz, prontos para receberem os fluidos do frenesim rosa.  A noite de núpcias seria mesmo um vendaval de amor feroz entremeado com algum palavreado obsceno, tão a gosto do noivo. A única preocupação da noiva seria saber se a velha camila madeirense, feita com paus de vinhático e cedro, aguentaria com tanta bordoada em cima dela.  A noiva Emanuela, sempre atenta aos pormenores,  também mandou bordar uns quadros em tela, com paisagens melancólicas da Madeira dos séculos XVIII e XIX, bordadas por mulheres, que também faziam telas para a casa Kikiben, na rua da Carreira. 

Estava tudo idealizado, ao mais ínfimo pormenor, para que a noiva e o seu amado desfrutassem de uma noite memorável e de felicidade eterna para a família Xoxialista.

Na ânsia de agradar o seu noivo Camafofo, a noiva até se predispôs a aquecer a cama até que o seu amado ganhasse alguma maturidade e manha para liderar os destinos dos xoxocialistas.  Mas como em qualquer história de amor, há sempre um drama e uma tragédia no meio de tanta felicidade. O noivo malvado, depois de papar a noiva à fartazana, foi-se desligando do matrimónio, e secretamente apaixonou-se por uma cantora de música pimba, a bela Mikaela Iglésias. Quando a noiva Emanuela se apercebeu que tinha sido enganada e encornada por uma meretriz cubana começou num pranto de choro de baba e ranho, amaldiçoando em toda a família Xoxialista, a nova amante do  seu amado, agora odiado, Camafofo (afinal veio-se a descobrir que a cantora Iglesias já era uma velha amante do Camafofo), Ela que já tinha feito planos para os seus filhotes terem um futuro promissor na família Xoxialista, afinal fora tudo um desengano traiçoeiro. A vida às vezes prega-nos tantas surpresas desagradáveis que o dia da sua maior felicidade, o dia do seu frenético casamento, transformara-se no seu maior pesadelo.

Com o passar do tempo, a noiva Emanuela veio a descobrir que o seu amado Camafofo era um doidivanas, traiçoeiro como as cobras, e que previamente preparara toda a armadilha com a ajuda da sua infame amante. Como o Camafofo era muito noviço e não tinha o tempo de filiação necessário para liderar a cobiçada família Xoxialista, resolveu cortejar falsamente a noiva Emanuela, com juras de amor eterno, e assim se alapar ao poder dos Xoxialistas.  Esse maldito Camafofo, essa criatura que tinha uma aversão doentia às famílias políticas, que se dizia independente e avesso aos aparelhos partidários, era afinal um cavalo de Tróia,  cheio de ambição e manha, afinal um vilão que andava amancebado com a pior galdéria cubana que alguma vez pusera as patas na ilha. 

Moral da história: Emanuela Cama preparou a cama para Paulus Camafofo se deitar, e agora anda a chorar pelos quatro cantos da casa, que foi desconsiderada e destratada na elaboração da lista de candidatos da família Xoxialista nas próximas eleições regionais.

Resta saber nesta história rocambolesca qual será a próxima noiva a ser traída, e quem se prepara para aquecer a cama Xocialista até  à nova investida do traiçoeiro Camafofo. 

Dionísio Andrade
Jornalista

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 27 de agosto de 2023
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