Raul Zelensky


H oje (22-5-2022) foi Dia do Autor Português (link) e, quase por ironia, observei o texto de alguém que não se julga lido e decidiu por isso parar de escrever (link). Lamentavelmente, o madeirense lê pouco ou lê na transversal, título, imagem e pressupõe o texto, gostam de curiosidades, sangue, confusões, fofocas e por aí adiante, nasce ensinado e alimenta-se de que é superior. Sem dúvida de que esta atitude espelha muito do que se passa na região. Mas é curioso que o autor tem fino humor e disso o povo gosta e aqui nasce o problema de não se levar a sério os humoristas que, para sê-lo, é preciso ser inteligente e ter cultura geral.

Este é um lugar de silêncio e de solidão. Ninguém quer saber, ninguém se importa. Talvez alguns perfis falsos vomitem o habitual ódiozinho venenoso, provavelmente alguns anónimos já bem conhecidos irão regozijar-se e alvitrar que já “vou tarde”. Well, fuck them!

Nunca se sabe do potencial de cada um e das suas capacidades até ser posto à prova, a Região é expert em não permitir esse momento aos melhores. Cortam pela raiz mas um dia podem fazer falta. Estigmatizar gratuitamente é estupidez de quem estigmatiza. Temos neste momento um humorista que é levado muito a sério no mundo, não há governante que não lhe faça uma visita para ter uma fotografia. Antes dos seus novos desafios tinha 20% de aceitação popular, talvez no desânimo do nosso autor. A 2 de março deste ano, poucos dias depois de ter novos desafios, passou para 91%. O que mudou? A conjuntura que o destacou em momentos de exigência. Agora pouco sorri e pouco humor possuí, passou da gargalhada ao sisudo mas gostam ainda mais dele. Isto determina que cada um agarra as oportunidades que tem para brilhar se acaso o comboio passa porque, de certa forma, nunca escolhemos o que desejamos. Esse humorista chama-se Volodymyr Zelensky.

Temos uma crise de mérito mas ele existe, o problema é que não sabemos fazer elogios que incentivem os outros nos tempos comuns de rotina. Muitos são tão invejosos ou cientes da sua falta de categoria que minam todos aqueles que têm luz própria. Se este ciclo se mantiver por muito tempo teremos uma ilha obsoleta, sem rumo, sem ideias, sem políticas e sem comandantes, a viver de expedientes e esquemas. A mediocridade já está instalada nas cúpulas mas vai aumentar. É vê-las a substituir gente com categoria.

O autor que parou de escrever, sem querer, disse várias coisas. O problema pode não ser seu mas do meio que está descredibilizado, pode ser do excesso de comentadores bajuladores que diluem os bons e criam repulsa ao coletivo. É um problema pelo qual os jornais locais passam mas, ninguém quer reconhecer, faz parte da estratégia. O autor talvez seja muito lido mas negam-lhe esse sabor que anima. Temos gente para isso na Madeira.

Caro autor, restabeleça-se do momento e ocupe o lugar, enquanto está você não estará a vitória da mediocridade, o que significa um elogio, você está acima deles. Repense, martirize-os com humor.

Muitos autores só perdem a pesada sombra da inveja sobre si com a morte, só aí lhes dão valor, mas até para chegar aí é preciso preencher o tempo da vida com escritos, mãos à obra!

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 22 de Maio de 2022
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