Um horizonte de autonomia

 

S oube há pouco que o secretário regional de Economia esteve à recolha de contributos para o Plano de Recuperação da Economia da Região. Iniciativa nobre quando há, de facto, preocupação em manter o povo empregado e a economia funcional e diversificada.

Não pretendo entrar no mérito das intenções, mas me permito a ousadia de contribuir com uma ideia que há muito tempo tinha interesse em apresentar e discutir.

Falar em autonomia é lembrar que a Região Autónoma da Madeira goza de legislação própria mas também de uma incapacidade berrante de diversificar a sua economia, hoje tão fundamentada no Turismo. A COVID expôs todos os problemas de depender única e exclusivamente dessa modalidade de negócio. Não bastasse, há ainda as famílias que dificultam o transporte e tantas coisas mais se complicam em nome do lucro e do monopólio.

Contudo, este não é o ponto da discussão.O ponto é que a cannabis está proibida em Portugal.

"Ah, mas este gajo usou tabaco de menos", estou certo da futura acusação.

Não convém dizer o que usam uns e outros por aí. Estou aqui para apresentar um plano ousado.

Estamos em tempos distintos. É preciso ser visionário e adiantar-se nesta corrida, porque muitos países ainda virão a legalizar o plantio e colher imensos lucros adiante.

A Madeira calha de ser um ambiente muito propício para o plantio de uma erva que revolucionou economias ao redor do globo. Até mesmo os Estados Unidos da América começam a ampliar a legalização e o debate tendo em vista as cifras milionárias, as mesmas cifras que financiaram a guerra às drogas no passado.

Não faz muito tempo que discutiu-se o uso medicinal por estas terras, mas mesmo essa importante discussão encontrou muitas barreiras e acabou esquecida.

Oras, além das propriedades medicinais, a Cannabis também pode revolucionar o Turismo. Sim, a legalização que a Região Autónoma da Madeira é capaz de discutir e aprovar, pode trazer turistas de Portugal continental e do mundo inteiro se fizermos essa discussão de maneira responsável, a depender dos nossos políticos.

Cabe aos nossos políticos um pouco de abertura e ousadia, então lhes rogo:

Se pudermos discutir de cabeça aberta e com a devida responsabilidade, estamos falando de criação de empregos, aumento de receita, aumento do turismo, e ampliação da nossa cultura de banana e vinho.

Temos condições para exportar a "ganza" mais porreira e importar para nós a autonomia que falta aos verdadeiros madeirenses. Nós que aqui moramos ainda não somos donos desta ilha, mas com um pouco de ousadia poderemos ser.

Legaliza, Madeira. É momento de mudar.

Terça-feira, 15 de Setembro de 2020 16:48
Todos os elementos enviados pelo autor. Ilustração CM.