D epois de desgraçarem o Funchal, com aquele mamarracho do Savoy, ainda vou ver uma procissão de cínicos e hipócritas que provocaram o desastre paisagístico a visitar a exposição, versados de todos os conhecimentos sobre Óscar Niemeyer. O Hotel Savoy tem o dobro do máximo de pisos sugeridos por Óscar Niemeyer para a paisagem do Funchal no seu projeto, o ora denominado Pestana Casino Park. É impressionante o desplante e a ironia de serem vizinhos.
A obra de Óscar Niemeyer na Madeira mostra como dar qualidade arquitetónica à paisagem, comprometido que estava em honrar o seu estatuto, dar qualidade e respeitar o ambiente envolvente. Se hoje em dia suspende-se o PDM para matar mais a paisagem numa frente mar (Praia Formosa), na altura usou-se a caducidade de um Plano de Urbanização do Infante para assim fazer vista grossa, com lentes de fundo de garrafa, sobre as superiores regras do Plano Diretor Municipal e do Plano de Ordenamento Turístico que contemplavam o respeito por monumentos e espaços classificados. Com algumas pessoas a se mexerem com petições e acusações públicas, o segredo foi acelerar o processo, onde alguns assobiaram para o lado até chegar a licença de construção, uma "cláusula leonina" que conferia uma brutal indemnização se houvesse retrocesso. Tática em tudo igual a muitas concessões dos monopólios desta terra. E depois da asneira, Albuquerque disse que repetia tudo de novo com orgulho ... sempre quero, mando e posso, não se esqueça no início do outono ...
Conceitos básicos de Niemeyer para respeitar o anfiteatro da nossa baía e a vista de todos os prédios com o mínimo de impacto visual:
O projeto de um hotel na Ilha da Madeira apresenta uma série de problemas fundamentais. Primeira, as características do lugar, a beleza da ilha, seu aspeto pitoresco e acolhedor, que cumpre proteger. Segundo, os problemas que daí decorrem, problemas de gabinete, escala, visibilidade, etc. (...) Trata-se a meu ver de problemas tão importantes que ao redigir esta explicação, sinto-me obrigado a abordá-los, advertindo as autoridades locais da conveniência de estabelecer medidas de proteção paisagística: fixação máxima de gabinetes, 4 pavimentos, inclusive "pilotis", para os prédios de apartamentos; e 8 pavimentos, inclusive "pilotis", para os edifícios especiais (hotéis, etc) que o turismo exige. Proteção indispensável do panorama nas avenidas que contornam os morros, evitando nas mesmas, construções que possam cortar a visibilidade (Des. 1), o mesmo acontecendo com os edifícios mais extensos que não deverão, depois de construídos, constituir como que um muro contra a cidade (Des. 2). Óscar Niemeyer. Paris, 22 de Junho de 1966.
Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 9 de Fevereiro de 2023
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