C onta-se que um político foi às instalações de uma empresa, e imediatamente pediu para falar com o responsável. “Olha lá – disse o político – és homem para ceder uns bifes a quem te dá uma vaca?”. O responsável rejeitou a proposta. A partir daí a empresa começou a ter problemas. Nem sequer sei se ainda está a operar.
O raciocínio do responsável pela empresa foi o seguinte:
Quero trabalhar honestamente e ficar longe de confusões. Não quero fazer mal a ninguém nem pactuar com a corrupção. Com o tempo, a empresa vai ficar viciada no “açúcar” do político. Logo, a empresa vai ficar dependente e é natural que o político cada vez mais exija, pelo que a longo prazo a situação será insustentável.
E, se o político agir como a Máfia? A Máfia oferece um empréstimo (ou outra benesse qualquer, como, por exemplo, o aumento de volume de negócios) a um empresário. Este sabe quem oferece mas espera controlar a situação. Engano. Tempos depois, a máfia pede ao empresário que empregue certa pessoa, um pedido difícil recusar. A seguir, o intruso passa a dar ordens, o empresário diz que ele é que é o dono do negócio mas respondem-lhe: “Está enganado”. Passou a ser testa de ferro, um prestanome, na gíria italiana.
Leitura sugerida:
A situação da obrigação de contratar um determinado individuo é extremamente problemática, pois esse individuo vai aprender o negócio, e vai saber as eventuais irregularidades cometidas por essa empresa. O que é que impede esse individuo (ou quem o está a apoiar) de montar uma empresa igual apresentando preços mais baixos aos clientes? (repare-se que esse individuo conhecerá o funcionamento da empresa, os custos de operação, os fornecedores, os clientes e contactos privilegiados com o político)
O responsável pela empresa deixou passar a oportunidade de tentar lixar o político (preparando uma denúncia criminal baseada em provas concludentes: gravações, documentos, etc…), permitindo que este último fizesse semelhante proposta à concorrência e/ou tentasse prejudicar a empresa. Esse perdão foi-lhe benéfico?
Não acredito que exista resposta satisfatória e generalizável para este tipo de propostas. Qualquer que seja a resposta do responsável pela empresa, é quase impossível sair a ganhar, ou pelo menos, não chamuscado.
Por outro lado, a Sociedade seria bastante melhor, caso todos prejudicassem os corruptos quando lhes é dada a oportunidade.
O primeiro passo para executar uma armadilha é oferecer uma benesse ou facilidade ao alvo
(autor desconhecido)
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 25 de Junho de 2020 12:12
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