Eduardo, o esmoleiro.

 

É vê-lo de fronha sorridente na pista do aeroporto, com a arqueável coluna devidamente revestida por colete florescente, como antúrio verde-murcho num stand do novo e melhorado Madeira Island Flower Festival... Eduardo, o esmoleiro cultural. E será essa, porventura, a sua maior contribuição para a vida pública insular, a introdução da efusiva vestimenta trolha na esfera social dos deslumbrados.

Saltita de poio em poio, arrotando desígnios e intenções (culturais), brindando os eventos alheios com o infortúnio de umas palavras (culturais) improvisadas em voltas intestinais pobres em fibra, pasmando as capelinhas com a saliva benta de mais uns empenhos de circunstância, sem problemas, “daqui a uns meses já nem se lembram e posso anunciar outra vez”.

É o senhor do que acontece, daquilo que vale a pena, do que veio, vem e há de vir, circularmente, como promessa em disco riscado... o alfa e ómega da flatulência cósmica a que se convencionou chamar “cultura regional eduardiana”, mestre dos canapés frios em cama de alface (cultural) e dos microfones, que domina com a destreza de um camionista na happy hour da taberna do Feles.

É o porteiro (cultural) deste feliz cantinho atlântico, sempre pronto a lançar as almejadas sementes de um Madeira Island Itchy Bottom Sunset Parade, ou quiçá de um New Year Classic Christmas Summer Carnival Edition. O perfil esguio e quadrilátero impede-o de olhar para além do Garajau ou do Cabo Girão, preferindo, ao invés, como a mítica cagarra madeirense, uma marretada ocasional no candeeiro ofuscante da vida citadina e o horizonte distante das Desertas, que tanta justiça lhe faz ao agrupamento ocioso de células cerebrais que a cada ano bissexto lhe vale uma ventosidade entérica, vulgo “ideia genial”.

A Este, nada. A Oeste, nada (um pouco de cimento, vá). A Norte, nada. Como divindade clássica, do tudo que pode, criou o nada. Esmoleiro em terra de pobres, esticando a mão aos ingurgitados e passando pelos destituídos com a ligeireza de um cachaço em dia de função. Ah, mas que injustiça, e aquilo que saiu na imprensa? Sim, o maior coiso de sempre desde o coiso de ontem à tarde. E amanhã haverá mais, mais um coiso nunca visto. Que falta nos faz uma Cabaço ou até mesmo um Abreu, quando o que nos sobra é um Jesus que ficou por ressuscitar.

Enviado por Denúncia Anónima.
Domingo, 31 de Julho de 2022
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