A descabida aldrabice

 

S e dúvidas houvessem de que o estudo de impacto Ambiental das Ginjas (pavimentação) inclui conteúdos inúteis, sem sentido técnico válido e de integridade de gestão, o projeto da Empresa de Eletricidade da Madeira é o expoente da manipulação e da tentativa de fraude ao tentar fazer aprovar este projeto da Secretaria da Agricultura, concomitantemente do Governo Regional da Madeira, governo esse que hierarquicamente engloba a Direção do Ambiente e Alterações Climáticas, estrutura essa que se reverte da capacidade de “Autoridade do Ambiente” sendo ela a entidade que analisa este estudo de impacto ambiental, ainda que sujeita a escrutínio administrativo e recurso judicial. 

A habilidade de introduzir no estudo intenções absurdas, ilógicas e disparatadas propondo enterrar uma linha de alta tensão no traçado do Caminho das Ginjas é, no mínimo, hilariante. O recurso a um traçado aéreo é obvio e está a distância de 100 metros. O próprio documento da EM assim escreve.

Na orientação da Boca da Encumeada e pelos terrenos a poente da estrada regional o percurso da linha de transporte de energia de alta-tensão estaria fora da área florestal classificada e o seu propósito técnico e operacional estaria absolutamente garantido.

Vergonhosa a intenção de introduzir variáveis megalómanas e absurdas como argumento justificativo para pavimentação do Caminho das Ginjas. A questão do cabo de alta tensão subterrâneo não passa de uma alegação artificial e postiça com o fim de adicionar argumentos que analisados objetivamente nada valem de vazios e irrealistas que são. 

Qual a logica técnica e de “boa arte” ao propor enterrar quilómetros de um cabo “mil vezes mais caro” do que as linhas abertas de alta tensão em alumínio por um serpenteado interminável de solo quase todo ele rochoso e de difícil "trababilidade"?

É anedótica a apresentação neste estudo desta “variável” como vantagem ou mais-valia somada ou multiplicada para um projeto de pavimento do Caminho das Ginjas.

O projeto não contempla, em ponto algum, se considera a eventualidade da abertura de valas para o lançamento de cabos de transporte de energia elétrica. Se tal viesse a acontecer, todo o pavimento seria removido, eventualmente destruído, e refeito de novo. 

Grande gestora de impactos ambientais é a senhora secretária da tutela da entidade gestora da floresta classificada ao patrocinar tamanha asneira. A sua presença nos media tentando gerar um facto mediático com a “questão das linhas aéreas de alta tensão” não evidenciam competência e adequação para o encargo de defender a integridade da Laurissilva da Madeira.  

Provavelmente, do seu staff, ninguém se atreveu a corrigi-la ou dotá-la de informação mais precisa e avisada, evitando a sua exposição ao ridículo como governante. O ridículo e o absurdo não se ficam nestes aspetos operacionais. 

A incoerência com o estudo é avassaladora e uma evidencia de que a ligeireza e a pouca responsabilidade técnica e política é um facto por demais evidente. Que se considere que na própria declaração de intenção da Eletricidade da Madeira esta afirma, no documento dirigido ao promotor da pavimentação, da improvável concretização da intenção de instalação do cabo subterrâneo. 

A EM explicita as graves inconveniências e variáveis negativas de tal insana empreitada. Transcrevendo do projeto de intenções da EEM:

“Desvantagens:

  • Extensões mais longas, face as alternativas diretas aéreas;
  • Necessidade de investimentos bastante mais significativos;
  • Maior complexidade do ponto de vista da integração na rede de transporte e de gestão de rede;
  • Apesar de possuidora de maior fiabilidade, em caso de avaria, as operações de ensaio, identificação e correção são mais complexas.”  

Que não seja deslembrado o facto da necessidade da construção de adufas e caixas de visita para a manutenção do cabo e a construção de um edifício como posto de seccionamento ao meio do percurso. 

O projeto EM refere custos repartidos no lançamento do cabo subterrâneo, ora esses custos repartidos serão com que entidade(s). Será este um ónus financeiro abafado em tanta página de prosa justificativa e que acabará por ser mais um encargo desnecessário para o erário publico?  

No dia que a EM tenha os dados relacionados com a abertura de valas, seja em volume de rocha e inertes a movimentar, sejam os custos financeiros do projeto, esses seguirão de imediato caminho para o um arquivo morto.  O objetivo deste apêndice ao projeto só pode ser interpretado como uma ferramenta “para encher”.

Este anedótico projeto é de todo desnecessário e integralmente desenquadrado das regras e das ponderações necessárias para a melhor gestão da Laurissilva da Madeira.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 05 de Dezembro de 2021
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