A propósito de uma recente publicação no Correio da Madeira, peço que avaliem por favor se é possível publicar este texto do Miguel Silva Gouveia, Presidente da Câmara do Funchal. Julgo que vem muito a propósito, de como os facilitismos podem ser populistas mas que o resultado é penoso. Façamos pelo certo, obrigada.
Tirar a Máscara a Populistas
"Na reunião de câmara de hoje (2020.09.03) ocorreu uma caricata situação de 'fuga de vereadores', com receio de votar a sua própria proposta.
Eis o acontecido:
1. O PSD, com a sua agenda populista, apresentou uma proposta que previa a atribuição de prémios para os trabalhadores municipais que, à partida, sabiam conter ilegalidades.
2. Aquando da apresentação deste ponto, o último da ordem de trabalhos, foi disponibilizado um parecer do Departamento Jurídico a todas as forças políticas representadas, apontando o rol de ilegalidades contidas na proposta e alertando para a eventual responsabilidade financeira em sede de Tribunal de Contas que poderia advir da sua aprovação.
3. À minha sugestão de retirada do documento para que este fosse revisto, sanando as dúvidas jurídicas existentes, o vereador do PSD recusou, forçando à votação da proposta, estando convencido de si que a Coligação Confiança iria chumbar a proposta.
4. Isto permitiria que o PSD, com a sua habitual desonestidade intelectual, saísse a terreno manipular argumentos para acicatar trabalhadores contra o executivo.
5. Impagável foi a surpresa dos vereadores do PSD e do CDS, quando lhes respondi que, para a Coligação Confiança poder viabilizar a proposta sem cometer ilegalidades, eu iria votar sozinho este ponto, permitindo a aprovação e protegendo os meus vereadores da responsabilidade financeira que eventualmente viria do Tribunal de Contas.
6. Num ápice, o desespero tomou conta dos vereadores do PSD e do CDS, pedindo um intervalo para telefonarem a pedir instruções a quem lhes escreve a narrativa e expondo a captura dos autarcas eleitos pelos aparelhos partidários.
7. Ultrapassado o triplo do tempo de intervalo concedido e face à ausência do vereador do PSD e da vereadora do CDS, que continuavam desesperadamente ao telefone à espera de instruções, as vereadoras do PSD que sobravam na sala retiraram a proposta.
8. Exposta ficou a tentativa de fraude de quem apenas procurava retirar dividendos políticos sem nunca ter os interesses dos trabalhadores como prioridade.
Conclusão: a máscara caiu. O PSD recusou-se a aprovar a sua proposta com o seu voto favorável, demonstrando que só a pretendia votar se esta fosse chumbada."
