Explicando a xenofobia da Madeira a Marcelo Rebelo de Sousa



Bom dia a todos os leitores e ao Correio da Madeira, espero ver publicado o meu texto. Obrigado.

T omei conhecimento através de pessoas bem relacionadas de que a Presidência da República acompanha o Correio da Madeira pelo teor sem filtro das sua publicações, uma forma de avaliar o "estado da região". Interessante mas não estranho se atendermos ao Presidente da República que temos.

Também soube que houve uma carta aberta a Marcelo Rebelo de Sousa que chegou ao destinatário. Usando dessa informação privilegiada, quero também escrever ao senhor Presidente da República, sobre quem alguns têm atitude jocosa mas que a larga maioria vê com um carinho especial. Vai a todas, os que gozam que se imaginem com aquela vida, o homem é uma máquina, pode ter exageros mas é residual perante a presença impressionante. Depois de ler um artigo sobre o Paulo Cafôfo hoje no CM, penso que são o dia e a noite, cada um é como é, verdade.

Venho falar de xenofobia na Madeira.
Ela existe? Sim!
De quem é a culpa? Do PSD!
Vou explicar.

O PSD ao não atender aos madeirenses fragilizados de forma sã, através de uma desinteressada Segurança Social igual para todos, criou injustiças e clivagens, entre aqueles que politicamente correctos merecem atenção em relação a outros que querem, se possível, que morram para não destruir o seu poder. Não temos pessoas bem formadas, o que se mistura com incompetência e o sobejamente conhecido aproveitamento da pobreza com caridadezinha.

O PSD criou, em crescendo, um ambiente onde se chegou aos 100% de necessidade de cunha, e atenção, que muito forte, para se ter emprego. Foi abandonado o currículo, o mérito, agora o concurso adapta-se à pessoa a empregar. Temos assistido a coisas incríveis. O processo de triagem vem de há longa data com o Dr. Jardim mas agora está completamente descontrolado. Completamente sectário e partidário.

Temos um tempo onde há madeirenses do PSD contemplados e os madeirenses que não são do PSD a não serem contemplados. Digamos que esta é a primeira clivagem xenófoba. Lembre-se que xenofobia tem por definição a aversão aos estrangeiros, ao que vem do estrangeiro, em primeiro lugar mas também, ao que é estranho ou menos comum, portanto que não perfila da opinião do PSD. Conclui-se que o PSD começou a sua xenofobia há muito entre madeirenses, contra os cubanos, nem um tostão a Timor, não queremos chineses aqui, ou simplesmente FDP's para aqueles que divergem da opinião do PSD e que recebem epítetos de comunistas, ambientalistas, ressabiados, tontos, esquerdalha, etc. Meus amigos, até quando apareceram casos de Covid-19 em Câmara de Lobos, surgiu a xenofobia "xavelha", até o jornal do regime aplicou o "castigo". O debate desceu à baixaria, aos únicos que o PSD consegue convencer a par dos que vergam por necessidade.


A democracia na Madeira não existe, o que se configura numa nova xenofobia, ou és da ideologia (se é que existe) dominante ou és proscrito. Há rituais de democracia mas esta não pode existir quando há madeirenses de primeira e de segunda que, em conjunto, votam em candidatos, quase todos, escolhidos pelo poder económico e máfias que dominam a Madeira. Tu votas com um resultado feito à partida, ganhe quem ganhe, o sistema de corrupção mantém-se.

As crises são maléficas para a xenofobia porque agudizam a separação entre madeirenses, O PSD Madeira nunca vai reconhecer que fez dívida e entalou muitos madeirenses que perderam o trabalho e nunca mais foram válidos para a sociedade activa. Outros perderam casas e empresas, a saúde, ganharam dependências, depressões, sentem-se inúteis e injustiçados porque o PSD Madeira não pode reconhecer quanto falhou, e assim criou mais madeirenses de primeira e de segunda. Quantos mais lesados mais ambiente xenófobo porque são corridos por ser contra o poder.

Agora é para o que o dinheiro chega, matando a fome e chegando directamente ao "eleitoralismo cacique" através das Casas do Povo. Na forja uma aproximação ao CHEGA, se houver voto de protesto, os mesmos continuam no poder juntando-se à xenofobia ou anti-poder. Maquiavélico isto.

Num processo menos aprimorado, Miguel Albuquerque representa o sistema bruto por impunidade permanente de outro, que já existia há muito mas, que era mais polido. Ciente disto, Miguel Albuquerque usa a sociedade fazendo contas de como ganhar eleições, soma os votos dos pobres dependentes, a clientela do seu partido e agora os chamados miras que vão encarnando o culminar da xenofobia.

Os miras olham para si, estão desprovidos de história para compreender os outros, nem querem saber em contribuir com a integração. As razões chocam-se e ninguém se entende. Ao poder também não lhe interessa explicar porque usa as indignações por completo desconhecimento. Assim e só agora na história, entram os miras visados por xenofobia.

O mau jornalismo que ouve sempre os mesmos e marginaliza o contraditório está a amplificar a xenofobia. Há muito que se quebrou o ponto de recuperação do mal feito, agora será sempre a pior. Prova-se que o jornalismo na Madeira chegou à estupidez, faz uma leitura política e não imparcial, a deontologia é um rolo de papel higiénico. Se a comunicação social da Madeira marcava presença nos Estados Unidos, Donald Trump tinha a reeleição ganha.


Moral da história: o madeirense não é racista ou xenófobo mas é levado a se sentir fortemente marginalizado e injustiçado ao ponto de começar a odiar tudo à sua volta, pelos erros e corrupção do PSD e  pelo oportunismo político de Miguel Albuquerque. O madeirense resignado neste tipo de "xenofobia", usando do desprezo por saturação, simplifica generalizando um ódio que ele próprio não domina e que se vê quando é "picado" até por situações simples. Assim, Miguel Albuquerque passa ao lado, fere os madeirenses que descontaram impostos, subtrai os votos aos miras mas deixa-lhes o ónus da xenofobia. Cria-se guetos, divisões, pobreza e injustiças na sociedade para reinar.

Tinha mais para dizer mas fico por aqui para não ser longo, há uma outra parte que soma à xenofobia, o trato dado aos estrangeiros no arranque ao Covid-19. A palhaçada que se viveu então de pôr tudo a andar para agora haver tolerância com número de casos superiores, tem que ser porque a Madeira viu como mergulha sem turismo mas, o acto ficou.

Agradeço o tempo dedicado a leitura do meu texto e a publicação.

Enviado por Denúncia Anónima
Sexta-feira, 28 de Agosto de 2020 11:39
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