Programa Recuperação Cirurgias: O “Preço Certo” na Saúde!


O uvem-se murmúrios após reuniões quase secretas, do ressuscitar do Programa de Recuperação de Cirurgias (PRC), nada de espantar em ano eleitoral e nada melhor do que mostrar trabalho, ou pelo menos, que se trabalha.

Basta estarmos atentos às noticias do DN sobre listas de espera, em que de uma limpeza se passou a uma enchente de 20 mil para cirurgia e 40 mil para consultas, afinal em que se fica? Até o Secretario gabou-se numa redução, diga-se anedótica, de 60% das listas. É uma situação jornalística inclusive já abordada no CM, no artigo “Descubra as Diferenças” (link).

Como todos sabemos, o anterior programa nada resolveu, acelerou uma coisinha, mas entraram mais na lista do que conseguiram escoar e ainda tiveram uma ajudinha extra do município de Santa Cruz. 

Nesta coisa de listas, diga-se a verdade, ninguém tem controlo sobre nada de nada e marimbam-se, o que interessa é agradar a alguns profissionais, negociando percentagens e o "preço certo" a pagar e, ao governo, tirar proveitos eleitoralistas do marketing político, doentio. Assim até se justifica a confusão dos jornalistas, que ficam tontos com este assunto.

O que se sabe é que, muitos interessados no programa de recuperação de listas cirúrgicas, são os que o consideram como um acréscimo salarial no fim do mês, um engrossa vencimentos. Já agora, se a lista voltar a engrossar, isso não é problema, é gorjeta assegurada para o futuro e pasme-se, quem são os que engrossam a lista?

Mas a Tabela Remuneratória PERAC 2023, cirurgias Portaria 207/2017 de 11 de Julho, negociada para os vários serviços cirúrgicos no SESARAM, já decorre, e o esfregar de mãos a comer mais uma coisinha do orçamento regional. Também negoceiam os níveis 1 e 2, os diagnósticos são propostos pelas especialidades, os preços estipulados e a % para cada profissional, contempla os cirurgiões, os enfermeiros do bloco, os TSDT e os Assistentes Operacionais do bloco. Ficam de fora os enfermeiros dos serviços cirúrgicos e respectivos assistentes operacionais que, com estes programas, estão a braços com mais trabalho suplementar, além do normal, pela produção cirúrgica normal e os internamentos para estudo que ocorrem nos serviços de internamento. Como alguém já disse, o pessoal do serviço de internamento que se lixe com “F” grande.

Não vale a pena referir as percentagens, aquilo é uma salada russa que beneficia apenas e sempre a classe médica, que sempre se julga omnipotente.

Mas vejamos, sem fazer grandes confusões, nem todos os serviços têm listas de espera complicadas, mas sabemos que muitos serviços nem têm médicos suficientes para garantir prevenções, como manda a “lei” da qualidade e da segurança dos cuidados de saúde. Até em matéria de qualidade a do SESARAM fica mais no papel, aquelas coisas virtuais. Existem prevenções que se fazem em casa, nas calmas, e outras menos calmas que estoiram com o profissional e, imaginem, uma a sair de prevenção e no mesmo dia a fazer PRCs.

Como vão extrair gentinha das listas? Com que critérios? Aquele em que se sentam ao lado da secretaria de piso e escolhem a dedo, ou vão meter nomes num saco e retirar nomes de forma aleatória. 

Pelo menos espera-se que na gestão de listas de espera comecem pelos já que esperam há décadas, ou que já desesperam por esperar. Que não escolham apenas nomes para encher chouriços, diga-se listas de bloco, e chamar gente que cai de manhã na lista e é chamado, em PRCs, na semana seguinte. Mas como será que o SESARAM controla estes escolhidos a dedo nas suas listas? Claro, se é que alguém conhece as listas, ou deposita uma confiança cega nos directores de serviço...

Uma coisinha muito importante, vão chamar estes escolhidos sem fazerem uma consulta de rotina?!?!?! Ou vão continuar a chamar de véspera, fazer umas analises de manhã e operar de monte, com fé em Deus, neste caso, o anestesista que não chumbe, o escolhido! Se for assim, vamos continuar a apostar na sorte.

Chamar escolhidos a monte das listas de espera, onde desesperam, pedir-lhes análises e outros exames em cima do joelho, implica muito trabalho suplementar para os enfermeiros dos serviços de internamento, os que acolhem, fazem a admissão e integração no serviço destes nobres e afortunados que são premiados com uma saída extra das listas, é assim que se proporciona uma gorjeta extra aos mesmos de sempre. 

Mas depois para os enfermeiros do serviço e respectivos Assistentes Operacionais, ainda acresce mais trabalho suplementar des ir buscar ao bloco e vigiar (como deveria mandar a lei) no pós-operatório, no que concerne à segurança dos cuidados, com a tais dotações (in)seguras que todos conhecem. Aqui volta-se a confiar na sorte, pois nas PRCs, neste bendito programa, o reforço de profissionais do serviço é zero, também é zero euros pelo trabalho suplementar que exige fazer.

O Programa de Recuperação Cirurgias é para o Governo Regional como o "Preço Certo", apenas marketing politico laranja, nada resolve e não serve para nada.

Precisamos de um verdadeiro programa que envolvesse a privada, de forma continuada e frequente, com um controlo absoluto pelo sector público que gerisse as suas listas cirúrgicas com os contributos da privada até à exaustão das suas potencialidade. Na verdade, enquanto o sector público faz as suas PRCs, a produção normal cirúrgica é residual, por falta de tempo e exaustão das equipas médicas que, levadas ao esforço, todos sabemos que consequências tem.

Portanto, aos escolhidos da lista, deseja-se boa sorte.

Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 3 de Junho de 2023
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