Recuperar Listas: embuste político ou negócio, eis a questão!


As pessoas felizes são três vezes mais produtivas. Sai mais barato contratar uma pessoa feliz do que ter três pessoas tristes.

Juan Cubeiro

N a saúde e numa empresa pública, um hospital dar a resposta pratica a um programa de índole político é duplamente difícil, agradando a gregos e troianos. Do ponto de vista político, os resultados são sempre analisados e manipulados com fins políticos. Os objetivos práticos de sucesso são secundarizados pelos objetivos da empresa e relacionados com o desempenho das equipas, devidamente adequados. A empresa serve mais interesses políticos do que interesses empresariais ao nível da produção do lucro económico e social, no garantir saúde e prevenir a doença.

Ora primeiro, para o sucesso de um Programa de Recuperação de Listas Cirúrgicas (PRCs), será nuclear separar águas: política de produtividade empresarial na saúde. A atual estrutura não facilita este e outros processos. A decisão dos gestores de topo está assim agrilhoada ao poder político, logo focados apenas nos interesses e objetivos de sucesso político.

Note-se que um PRCs, depende da velocidade entre a admissão e a alta do utente pois, sem camas, não se pode operacionalizar um programa eficaz e eficiente. Logo é necessário apostar em altas precoces, e para tal, no internamento domiciliar, criando vagas.

A par deste planeamento operacional, é importante um planeamento estruturante, tático, implementando um departamento cirúrgico polivalente apenas ao serviço do “programa de recuperação”, o PRCs, e aprender com os erros do primeiro programa.

Os serviços normais deverão, em dias programados, continuar a dar a resposta cirúrgica habitual senão, a razão principal de criar um programa excecional, “o recuperar”, perde valor.

O departamento cirúrgico polivalente, paralelamente, deverá dar uma resposta excecional na recuperação das listas cirúrgicas, com uma capacidade nunca inferior a um serviço normal 35 camas, e poderia ser sediado na unidade de Covid a desativar. Mas as salas de bloco, agora fechadas, têm de estar a funcionar em pleno.

Não se pode admitir serviços a operar de forma reduzida nos seus dias de bloco programado e nos dias de recuperação de listas ao "kilo", por vezes 1 a 2 doentes em dias programados e 8 a 10 em dias de recuperação, entupindo o serviço e ocupando camas com internamentos que adiam as cirurgias programada. Ficam assim, convenientemente, os dias de recuperação de cirurgia num programa que as paga bem, que já gastou 3.8M€ e que nada resolveu, em termos de diminuição efetiva das listas cirúrgicas. Daí um novo programa, com efetivos num internamento que sirva apenas esse propósito, pago para esse efeito, deixando os serviços responder na cirurgia programada, e só assim, se poderá diminuir listas. Das tais muitas, as mil “K”, cirurgias em PRCs, quantas foram programadas passando de produção normal para excecional em PRCs, incluídas por não existir camas disponíveis e profissionais que garantissem dotações seguras? O Sr. Secretario sabe ou foi ludibriado pelo sistema ao qual pagou bem?

Até agora, e todos sabem, até o Sr. Secretário, quem ganhou milhares de euros com esse programa. Os seus colegas e os funcionários do bloco, certo? Porque os serviços habituais no internamento, trabalharam mais, aguentaram alguma cirurgia programada e esta excecional também, onde as dotações seguras foram desconsideradas. Para a garantir, bastaria o recurso a trabalho em horário acrescido ou a admissão de mais profissionais, enfermeiros e assistentes operacionais.

Vão implementar outro programa de recuperação ou apenas vão manter o programa habitual? Porque basta analisar as listas para verificar que operaram mais, sem contudo, em termos de lista de espera, se fazer notar emagrecimento, mantiveram os tempos de espera e até os aumentaram. Ou seja, na saúde as listas de espera são como a Marina do Lugar de Baixo, além de nada recuperar, os seus efeitos colaterais, alguns, são também nefastos, e disso não interessa fazer estatística. Quando está em jogo, o dinheiro, a distanásia não conta, nem sequer a ética ou a deontologia.

Planeamento estratégico, tático e operacional, é algo que, na Saúde, não existe, apenas lembrado como isco eleitoral pela tal Autonomia XXI, da qual nada surgiu e agora o Compromisso 2030, que será igual ao litro, tal e qual como os programas de recuperação de listas na saúde: a utopia XXI ou mesmo o compromisso com o faz de conta, agora como gorjeta ou acréscimo salarial, ele é muito eficiente e apenas serve esse propósito.

Enviado por Denúncia Anónima.
Sábado, 29 de Outubro de 2022
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