Como o Património da RAM é vendido ao desbarato… aos amigos!


E m 2017, no decurso de uma visita às obras de remodelação do Centro de Horticultura das Preces, o Dr. Miguel Albuquerque referiu a importância daquele centro no apoio técnico aos agricultores e na divulgação de conhecimentos, obtidos através projetos de investigação científica, em parceria com outras instituições nacionais, entre as que se encontra a UMA, e estrangeiras. Para além de que, este centro produzia 1,275 milhões de plantas por ano, que eram entregues aos agricultores a preço simbólico. 

De notar que, em 2017, havia eleições autárquicas e pressentindo o desaire era necessário conquistar o número máximo de votos entre os funcionários do referido centro e os agricultores, pelo que se deu início às obras de remodelação. Depois de realizadas as obras e passados poucos anos, o Centro de Horticultura das Preces foi colocado à venda, com um valor base de licitação de cerca de um milhão de euros, concentrando tudo no Centro de Fruticultura Subtropical das Quebradas. Simultaneamente, à boca pequena, corria o nome do futuro proprietário: mais um amigo… Agora, já não fazia sentido manter o Centro porque a sua conservação tornara-se demasiado dispendiosa.

O Governo Regional não contente com a concentração de todos os funcionários do Centro de Horticultura das Preces e das respetivas atividades de apoio aos agricultores no Centro de Fruticultura Subtropical das Quebradas, decidiu que este espaço ainda era demasiado grande e vai daí e vendeu uma parte do terreno, cuja dimensão ainda não é do conhecimento público! Apenas se sabe que, através da Resolução do Conselho do Governo Regional n.º 430/2023, foi vendida por ajuste direto, pelo valor de 104.720,00€, conforme publicação no JORAM de 24 de abril de 2023 

Em que meio de comunicação foi feito o Anúncio da oferta de venda, cuja publicitação é obrigatória? Talvez num daqueles jornais do Norte que ninguém lê na Madeira!

É que nem sequer os funcionários do Centro de Fruticultura das Quebradas sabiam da referida venda, apenas tomaram conhecimento quando o novo proprietário, o Sr. Brazão, amigo do Dr. Pedro Calado, começou a instalar a rede de vedação de modo a separar o terreno adquirido já destinado à especulação imobiliária. 

Uma tristeza… Tudo, nesta terra, é sacrificado aos sectores do turismo e do imobiliário. 

Das cultivares de batata-doce e de cana-de-açúcar, algumas plantas foram retiradas à pressa e a correr pelos diligentes funcionários, conscientes da importância de conservar a diversidade genética destas espécies hortícolas. Quem sabe, se num futuro próximo, entre as diferentes cultivares não estará aquela que melhor se adapte à subida da temperatura e resista melhor à secura?

Mas o Sr. Presidente Miguel Albuquerque, com um “cérebro betonizado”, não consegue entender a importância da preservação da biodiversidade vegetal agrícola! 

Por aqui se vê o respeito que o Dr. Albuquerque tem pelos funcionários do Centro de Fruticultura Subtropical das Quebradas e pelos agricultores e o que representa, para este senhor, a agricultura numa região que em termos alimentares está cada vez mais dependente do exterior.

Porque é que nesta terra há tantos segredos envolvendo sempre os mesmos? Estes senhores empresários que tanto apregoam o liberalismo económico, não querem sujeitar-se à lei da procura e da oferta, mas aspiram a um mercado “caseiro”, em que só eles podem participar, com o Património da RAM “ao preço da uva mijona”!

E, nesta sede de lucro, os amigos do poder vão devorando o património que é de todos os madeirenses. Talvez a Procuradoria-Geral da República tenha matéria para investigar o que tanto esconde o Governo Regional.

Agora pergunto, será que os funcionários do Centro de Fruticultura das Quebradas e os agricultores, nas próximas eleições, vão entregar o seu voto ao PSD? Não me parece que votem nesse partido, nem naqueles que, legislatura após legislatura, lhes têm tirado o tapete! Este é o momento, para votar na mudança! Vamos, sem medo, escolher a força política que tem defendido a agricultura e os agricultores!


Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 25 de maio de 2024
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