Os jornais geram má governação e não garantem votos



T enho visto críticas no CM a "fazedores de opinião" que agora escrevem nos matutinos regionais, contudo acredito que há lugar para acrescentar algo mais com a minha opinião. É certo que estamos em pleno Silly Season mas, de ano para ano e cada vez mais, cumpre-se na região com a arte de não falar em absolutamente nada que leve os consumidores de notícias a verem algum esforço para contrariar o controle noticioso. Tudo é meticuloso e até a eventual critica é para servir de palco à solução forçada no âmbito da propaganda.

A busca e publicação permanente de curiosidades, trivialidades ou de cada "peidinho" dos famosos nas páginas dos matutinos da região, estão a torná-los revistas cor-de-rosa em formato de jornal diário, em detrimento da investigação e publicação noticiosa. É como que a inversão da polaridade dos mesmos, onde o esforço de publicação vai para a não notícia, a publicidade feita notícia, a exploração do expediente governativo, o repositório (para não dizer o supositório) de eventos ou empolação de situações para subi-las à condição ou categoria de notícia. É a fórmula para consumar a não "agressão" ao maior cliente, o regime com governo e lóbis.

A cobertura de alguma oposição, em quantidade controlada, serve para garantir a proximidade q.b,, não vá continuarem a ser poder autárquico e terem algum dinheiro para gastar na comunicação social. No entanto, esse controle já levou a um projecto de site próprio na CMF que deverá ser bitola para os outros. Aos poucos e poucos, a desmedida vontade de controlar está a minar os resultados ...

No que diz respeito aos artigos e crónicas, muitos se esquecem que se "matam" a cada semana ou mês, descredibilizando-se ou confirmando a sua falta de credibilidade para escrever de forma justa ou com ideias. Satisfaz-lhes, tão cientes do colaboracionismo com o regime e não de respeito ao leitor, se mostrarem porta-vozes do regime que ataca os seus medos, para assim aumentarem o seu estado de graça, luzindo-se na vitrine (vomidrine) ou apoiando a sua própria promoção. Acredito piamente que nem os correlegionários, sabendo da cartilha, se lêem os seus artigos, provando que nada de novo trazem aos projectos de informação.

Muitos articulistas ou cronistas não escrevem para os leitores mas si para si no âmbito da praxis, do autoritarismo e do regime. Estão na verdade a mostrar a  sua natureza  partidária de manipulação do pensamento colectivo, arruinando os jornais através da não leitura por estarem marcados e serem em dose cavalar. Muito tempo a fazer os leitores a passar páginas sem interesse leva à desistência na leitura completa dos jornais.

Não se pode pedir a fracos empregados da política uma independência nas análises dos factos, tão só acabam por refinar conforme o tempo passa e se esgota o verniz. A confirmação da sua conotação e objectivos, a par das não notícias e o instinto dos jornais cor-de-rosa, acabarão por matar os projectos noticiosos, se bem que com isso, se tornem viáveis por conotação e subsídio-dependência aos colectores de poder político e económico.

Os jornais encontraram a sua viabilidade mas perdem a credibilidade informativa e leitores. As chamadas pageviews exploram e saciam a curiosidade maquilhando as falhas graves e a crise. Os jornais também colaboram para o colapso total da dialéctica que traz ideias para resolver, ou seja, governar. Os fracos governantes sentem-se sem pressão enquanto a Madeira definha.

Todo este efeito será notado quando chegados a eleições, o completo controlo informativo não vai gerar os votos pretendidos porque perderam credibilidade pelo simples facto de considerarem os leitores manipuláveis e a serem levados pela alegoria da estupidez.

Nota: os bons comentadores que ainda existem que se cuidem, a má fama trazida pelos maus vai lhes retirar audiências.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 31 de Agosto de 2020 06:57
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