Curto-circuito



H á uma atmosfera muito estranha na realidade madeirense, há agitação, ressentimento e revolta, mas parece que estamos sonâmbulos. Explico: parece que não há luz no fundo do túnel. Para quem lida com organizações percebe isso, já o disse, a autoridade na região está nula. Temos um curto-circuito de liderança. Estamos numa situação de impasse, sem governo e sem oposição. Pois nota-se exactamente isso, desprezamos o governo e o entulho em que este PSD se tornou mas também parece que desprezamos a oposição e as suas vulnerabilidades clássicas.

Parece que fomos decepados de autoridade, não há um líder que se destaque, não há homem ou mulher que dêem corpo a uma visão de futuro. Albuquerque, Calado, Prada, Cafôfo, Gouveia parecem todos num estado de calamidade. E é só para falar dos mais notados. Há departamentos da administração pública regional que estão de pernas para o ar. Há organizações privadas sem norte. Até os pequenos partidos que poderiam tirar proveito deste deserto de ideias para brilhar estão apagados. O que se passa? Isto não é uma loucura, é uma espécie de entorpecimento cívico. E preocupa-me as palavras gastas, os clichês, as intrigas estéreis, a moral das pessoas está de rastos. 

Custa-me ver a autonomia a definhar. Até os activistas parecem inactivos. Não há manifestações ou iniciativas com fôlego. Os jornais são panfletos, o Joram é um degredo. O que se passa? É preciso encontrar uma explicação. No meu último texto (que era um elogio ao CM e o título foi deturpado) falei dos lobos a tomarem conta da sociedade. Talvez seja isso. Os lobos asfixiaram a liberdade de pensar e destruíram a vontade de agir. O cinismo instalou-se e as feras enchem o bucho enquanto o resto da sociedade   treme no desalento. É um curto-circuito, não há vida nem luz.

Enviado por Denúncia Anónima
Domingo, 30 de Agosto de 2020 23:22
Todos os elementos enviados pelo autor. Ilustração CM.