N o mesmo dia em que faz a liturgia da Liberdade de Imprensa, o DN é obrigado a publicar o Direito de Resposta do JPP, “aqueles que apresentam queixas contra a imprensa” mesmo com expressões desprimorosas e com o mesmo destaque da visada carta do leitor. A Liberdade de Imprensa é um caminho com dois sentidos Dr. Ricardo Oliveira. A comunicação tem direitos, mas também tem o dever de dar à informação aquilo que não lhes agrada. É isso a Liberdade de Imprensa… não condicionada.
No seu espaço de liturgia dominical, o nosso “Richelieu de trazer por casa” vem falar da liberdade de Imprensa e da nova legislação que traz “a consolação de ter visto aprovada no mês passado a nova legislação para proteger os jornalistas (…) e proibir todas as formas de intervenção nas decisões editoriais”, facto muito louvável mas como a verrina lhe corre no sangue, termina determinando que “Há assim quem esteja atento às ameaças e actue, enquanto outros passam o tempo a apresentar queixas contra a imprensa que alegadamente querem livre, desde que lhes dê jeito”. Bravo, excelência reverendíssima!
Entretanto a ERC, Entidade Reguladora da Comunicação, em decisão de 24 de abril de 2024 (data premonitória, véspera da festa da Liberdade), vem dar razão ao JPP que considerou inaceitável a recusa de publicação por parte do DN, do Direito de Resposta a uma carta do Leitor intitulada “Faz o que eu digo e não faças o que eu faço”, onde basicamente uma suposta leitora voltava à carga com os advogados contratados em Santa Cruz, um tema recorrente, alegando a leitora que esses contratos eram secretos.
Basicamente a ERC vem reconhecer ao JPP o seu Direito de Resposta a esta carta, fazendo tábua rasa da argumentação do DN que considerava que a mesma encerrava considerações desprimorosas para o matutino, uma posição que coloca o jornal numa espécie de polícia dos bons costumes, sem desprimor para “a imprensa que alegadamente querem livre, desde que lhes dê jeito.” Pelos vistos, o DN também quer respostas “desde que lhes dê jeito”.
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