Habemus paciência


N ão discuto fé. A fé é pessoal, partilhada ou intransmissível, poderosa e importante. Chamem-lhe esperança, positivismo, espiritualidade, o que quiserem. Cada um tem, com um Deus ou com a Natureza, a relação que mais bem lhe fizer, garantindo que a mesma ofereça respeito e empatia como base do relacionamento.

Agora, religião? Essa instituição, essa formalização forçada e construída da esperança das pessoas que durante séculos matou, conquistou, usurpou e instrumentalizou os menos capacitados, que criticou a ciência por dar luz e resposta àquilo que as pessoas queriam conhecer?

Portugal, senhoras e senhores leitores, é um estado laico. Isso significa uma separação clara da religião e do poder político. Cada um pratica a religião que entende, dando-se, em teoria, todos bem e sem que isso interfira nas leis e no dia-a-dia dos cidadãos.

Como é que se admite que o poder religioso seja representado em inaugurações, em conferências e cerimónias de estado organizadas pelo governo? Como é que achamos isto normal? Acham mesmo que um líder judeu, islâmico ou hindu, se cá existisse, seria convidado? O que é que a Igreja deu a este povo? Missas para mortos pagas, quando o Papa já disse que não deve ser assim, licenças para comer carne, pagas, em dias santos e silêncio acerca dos abusos sexuais da Igreja não fosse o esforço da Comunicação Social!

Vir a público falar contra a inscrição do direito ao aborto nos Direitos Fundamentais da União Europeia e chamar isso de regressão civilizacional? Está a brincar com o sofrimento de milhares de mulheres ao longo da história? É dia das petas? Já há tempos ir a uma escola pública falar que a Família é um homem e uma mulher e assim legitimar o bullying, o assédio aos jovens que não são heterossexuais, como se isso fosse uma escolha? Retrocesso civilizacional é isso caríssimo bispo, é voltar à Europa medieval, à época das bruxas personalizado numa figura retrógrada que veio disciplinar um pároco humano, do Monte, e que não queria ter de optar entre a sua família e Deus.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 30 de abril de 2024
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