A ironia dos porta-contentores da LIDL


Escolhi o Correio da Madeira para publicar o meu texto, porque em toda a comunicação social da Madeira não seria possível. O defeito não é meu e é importante ter este site, para não ficarmos estúpidos com estes maiores do mundo.

Q uando entramos num LIDL percebemos que não há luxos, há pragmatismo para cortar custos e em contrapartida oferecem qualidade a bom preço. Para chegar a esse objetivo comercial é preciso controlar os custos com intermediários, fornecedores e transportes. Com certeza que me dirão ... intermediários? Sim, até os grandes têm. Por exemplo, a Gesba é um intermediário, se a LIDL quisesse ficar com toda a banana da Madeira (porque pode e não chega) dispensava a Gesba para reduzir o custo e seria ela, a retalhista, também a entidade da logística. Não venho cá falar dos supermercados, venho falar da logística que suporta os supermercados deste grupo e do porquê do mercado e as contingências gerarem decisões nas grandes empresas.

No CM têm falado da empresa de navegação da LIDL, mas pouco mais avançaram, é essa parte que quero colmatar porque a Opinião Pública deve estar informada para não ser manipulada.

Durante a pandemia, muitas empresas que suportam serviços vitais para a sobrevivência humana tiveram um grande problema entre mãos, com as cercas sanitárias e paralisações (em matéria de distribuição não se pode trabalhar em casa ao computador), a sua estrutura estava a desmoronar pela logística. A LIDL precisava de ter produtos nas prateleiras. É aí que muitas empresas perceberam que a era de paz e desenvolvimento acostumou-nos a ter como dado adquirido muita coisa, numa interdependência que funciona, mas numa pandemia com abordagens diferentes (China com Covid zero) voltamos à regra da diversificação. Mas quem? Bom é sermos independentes e os grandes podem pensar assim, têm economia de escala para isso.

Os problemas de falta de transporte e elevados preços de que o mercado se queixa, estão por trás de todas estas iniciativas. No ano passado a LIDL, a Lidl Stiftung & Co KG, fundou uma companhia de navegação de porta-contentores chamada Tailwind Shipping Lines, com a intenção responder de forma direta ao transporte de uma parte importante das suas mercadorias por via marítima. A Lidl vai continuar a trabalhar com os seus parceiros de navegação enquanto não tiver uma frota dimensionada para as suas necessidades, o que significa que se quer tornar independente nesta matéria. Aqui toca o alarme na Madeira. 

Reparem que durante a pandemia, os problemas sentidos por muitas empresas retalhistas levaram-nas a fretar navios diretamente, como a IKEA, Walmart, Starbucks, etc, em vez de espaços de carga para enfrentar a crise da cadeia de abastecimento e aprovisionamento, contudo, nenhuma foi tão longe para fundar a sua empresa de navegação. A Lidl opera perto de 13 mil lojas em 33 países, e vai acelerar o crescimento com a entrada nos Estados Unidos.

A LIDL, ou melhor, a Tailwind Shipping Lines, arrancou com 4 navios e vai com 8

Podemos afirmar que a Lidl vai usar parcialmente a sua própria capacidade de transporte marítimo no futuro (...) um componente para garantir a segurança da nossa supply chain e a disponibilidade de produtos nas nossas lojas.

Relembrando, a LIDL entrou na navegação marítima com porta contentores por causa dos problemas de abastecimento e pela escalada de preços dos fretes. Toca mais alarmes na Madeira. A LIDL não vai "aturar" monopolistas. Ou sim ou sopas. E é explicando isto e a possibilidade da LIDL vender fretes marítimos para rentabilizar os seus navios nos espaços disponíveis, para além das suas necessidades, que está o grande medo de alguns. Não de perderem a LIDL mas de perderem muitos outros retalhistas na Madeira enquanto clientes. A Madeira é um pequeno mercado fechado, a LIDL tem muito por onde crescer, cabe aos madeirenses nas eleições dominar os seus inimigos monopolistas locais e os seus governantes que não governam para a Madeira e para os madeirenses.

Entrará na Madeira toda a rede de supermercados que se servir do monopólio, com apetência para a concertação de preços exorbitantes como aqueles que temos. Somos "roubados" apesar dos vencimentos miseráveis.

Mas qual a ironia? A maioria dos navios da frota está registada na Madeira mas não temos LIDL:

  • Panda Express (Madeira)
  • Jadrana (Madeira)
  • Tabea (Madeira)
  • Tiger Express (Madeira)
  • Faith (Madeira)
  • Solong (Madeira)
  • Merkur Ocean (Malta)
  • Wiking (Alemanha)

Para proteger um monopolista ainda vão afetar o Registo de Navios, querem ver ...

Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 30 de Setembro de 2023
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