Amigos da Onça


N ão venho defender o Berardo, mas é um excelente momento para salientar pormenores e seus relacionamentos. Aquelas risadas do Berardo na Comissão de Inquérito da Assembleia da República fizeram mais mossa do que relatório final. Foi o desplante da risada do espertalhão que o condenou na Opinião Pública. Se um deslize desses valia tanto nas viciadas comissões de inquérito da nossa Assembleia já era um ganho, mas não temos essa democracia e essa liberdade.

Berardo encarnou o papel de Palhaço Rico e agora de Palhaço Pobre. Enquanto Palhaço Rico não lhe faltava gente à volta. Patrocinou com as suas empresas muitos eventos na Madeira e, com a sua proximidade ao poder regional, é de suspeitar que também arranjou forma de apoiar a política na era de Jardim. Hoje em dia, o silencio é sepulcral na Madeira sobre esta figura do firmamento do Jardinismo, um assunto de mau agouro, uma nódoa no regime e de conotações a evitar. Nos maus momentos vemos a qualidade dos amigos. Mais depressa se defende a Igreja do que Berardo.

Hoje informam que as ações da Bacalhôa estão à venda para pagar as dívidas do comendador. Nunca ouvimos desde a Madeira alguma iniciativa regional da máfia do bom sentido, privada ou pública, para manter o orgulho madeirense por entre empresas e coleções de arte que muito namoraram em tempos. Acredito que para além da personagem queimada existe um homem, um madeirense, e que lhe agradaria ver que algo seu se mantinha na órbita madeirense, mesmo que não ficasse em suas mãos que ficasse por perto em boas mãos, é que tanto as empresas como a coleção geram lucro, não seria um favor como ficar com órgãos de comunicação social, sem viabilidade, porque vale a pena para domar o povo.

Por este exemplo se vê que quando o equilíbrio da máfia no bom sentido se "desconjunturar", quando algum tiver mais do que outro, quando algum se atrever a se meter nos negócios de outro (já aconteceu), que as amizades e a paz dos interesses se afundarão em dois tempos. A briga será monumental e de costas viradas, que se queimar passará a ser renegado pelos outros. No entanto, se algum oligarca regional ou governante de nomeada for apanhado pela Justiça por cá, se for incomportável manter o assistencialismo com dinheiros públicos, os impérios se afundarão, retalhados com todos os amigos a assobiar para o lado. Que Berardo seja exemplo. Se algum for apanhado, e razões não faltam, isto vai ser um castelo de cartas, provando o egoísmo estúpido. Se a máfia no bom sentido passar pela situação do Berardo e porque todos orbitam no orçamento regional, ainda vem um russo ou um chinês e compra tudo, às parcelas ou de uma assentada, deixamos de ter a nacionalidade portuguesa para termos um dono estrangeiro, sem democracia que nos acuda com o poder económico todo numa mão ou de poucas. Faço-me entender?

Precisamos de um Governo que saiba retirar os ovos debaixo da mesma galinha. Distribuir poder é como distribuir o pé de meia. Com já percebemos, o "centrão" na Madeira quer manter os oligarcas e, sobre eles, continuar a construir mais à esquerda ou mais à direita. Criaram colossos de esquemas, preferências, atalhos, contratos blindados e enriquecimentos que superam a capacidade do executivo mas, se de hoje para amanhã cai, vamos perceber a "grandeza da pequenez" porque, se valer a pena, um só pode comprar todas as partes.

É natural que os nossos oligarcas comprem toda a democracia, para que qualquer solução não os deixe apeados. E assim vamos vivendo...

Enviado por Denúncia Anónima.
Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2023
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