A fatalidade de precisar sempre de alguém
para ser sombra ou vela.
N ão duvido de que existam, neste momento movimentações e correntes mais ou menos subterrâneas no PSD Madeira que preparam ensaios e projectos de poder alternativo. Apesar do tempo ser curto para apresentar candidaturas alternativas à de Miguel Albuquerque. Apesar da intenção do actual líder se manter no poder.
O poder tem uma lógica própria de sobrevivência: quando se dá conta do perigo eminente de falência, de perecimento, de passagem à irrelevância o poder reage procurando a sua renovação, a sua reafirmação. É o que estamos agora a assistir no PS com o simulacro de revitalização liderado pelo recauchutado Pedro Nuno Santos. E será sem dúvida aquilo que iremos assistir no PSD.
A razão é simples: independentemente de Miguel Albuquerque ser ou não culpado daquilo que o acusam e dos resultados da investigação em curso, já toda a gente percebeu que o tempo dele passou. A sua credibilidade enquanto líder está ferida. A sua autoridade diminuída. O seu poder de persuasão dos eleitores madeirenses inelutavelmente comprometido. Continuar será penoso: para o próprio mas também para o partido.
A figura de Miguel Albuquerque nos dias que correm, lembra-me um pouco a de um jogador de futebol que atingiu a idade da reforma e que se mantêm em campo apenas como prémio pelas vitórias passadas. Os adeptos podem nutrir simpatia e mesmo gratidão pelas glórias idas mas sabem também que o futuro não passa por ali. Por isso os “olheiros” lançam-se imediatamente a pesquisar alternativas que possam assegurar novas vitórias.
No caso do PSD Madeira as alternativas não são óbvias. E nem é certo, como no caso do PS, que a opção por um novo líder possa propiciar aos madeirenses algo mais do que um sabor a prato requentado. Mas não me sobram dúvidas de que a escolha será feita. Porque essa é a lógica implacável e mesmo cruel do poder. Mas para isso, o PSD terá primeiro de superar a actual fase de desorientação e atabalhoamento e de concluir quanto ao melhor caminho a seguir. Os “olheiros” do PSD esses já estão em campo.
Miguel Albuquerque, quanto a ele, terá de fazer o percurso feito, antes dele por AJJ, e compreender que detém uma identidade própria para além da de presidente do governo regional. O seu ego irá certamente protestar, estrebuchar e lançar-lhe alertas sobre possíveis perigos e retribuições. Num tal cenário, talvez o lugar de deputado ao Parlamento Europeu, com as benesses, privilégios e distância associados a um tal estatuto, possam servir de lenitivo para tão difícil transição…
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
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