Miguel Albuquerque detido pela PJ


A CNN Portugal anunciou em primeira mão a detenção do Presidente do Governo Regional da Madeira. Segundo a estação televisiva dois aviões Lockheed C-130 Hercules da Força Aérea aterraram no aeroporto Cristiano Ronaldo pelas 2H18 desta madrugada com 258 agentes da Policia Judiciária a bordo numa operação envolvida no maior secretismo.

A operação “Liberdade”, liderada pelo super Juiz Carlos Alexandre, é a maior operação de sempre da Polícia Judiciária e resulta de uma investigação do DCIAP-Lisboa que dura há mais de 5 anos e que conta com a participação da Polícia Federal do Brasil, a Polícia Anticorrupção da Venezuela e ainda o FBI de Miami. Segundo um dos inspetores, que quis manter o anonimato, a investigação envolveu mais de 832 operacionais, milhares de horas de escutas telefónicas e análises a centenas de contas bancarias em paraísos fiscais. Soubemos que a investigação sofreu sérios reveses por causa da Lei dos Metadados (Lei n.º 32/2008), mas a investigação conseguiu tornear a Lei e obter os dados digitais das operadoras NOS, Vodafone e Altice.

A equipa liderada pelo famoso Juiz é constituída por oito Procuradores da Republica, pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária e ainda pela UNC3T - Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica.

Segundo a mesma fonte, Miguel Albuquerque foi detido na sua casa pelas 4:28 da madrugada, mas como ofereceu resistência, alegando a sua imunidade política, teve de ser manietado e algemado pelos agentes.

Miguel Albuquerque é suspeito de 107 crimes, sendo trinta e dois de Corrupção ativa de titular de cargo político, quinze de Corrupção ativa, vinte e oito de Branqueamento de capitais, vinte e cinco de Abuso de confiança, dez de Falsificação de Documentos, doze Fraude Fiscal qualificada, vinte de Associação Criminosa e cinco de Adultério na forma tentada.

Os investigadores da Polícia Judiciária efetuaram buscas a diversos escritórios de advogados, a cinco habitações de luxo, nomeadamente no Funchal, Ponta Delgada, Calheta, Santana e Machico, apreendendo milhares de documentos, computadores, telemóveis e milhões de euros em notas que serão um grande contributo para ao término da investigação.

Na mesma operação foram detidos mais 72 pessoas com fortes ligações ao PSD-Madeira e a uma sofisticada rede de corrupção, entre os quais, 5 empresários de Construção Civil, quatro empresários ligados a escritórios de advogados da Zona Franca da Madeira, um empresário de hotelaria e dois com ligações a uma corretora de criptomoedas. 

Dois dos suspeitos conseguiram fugir, mas a Polícia de Segurança Pública montou uma operação de caça ao homem bloqueando todos os acessos à Via Expresso. A PSP em comunicado informou que os foragidos são perigosos, pelo que se aconselha a população a não sair de casa enquanto durar a operação “liberdade”.

Como o Estabelecimento Prisional e os calaboiços da Policia Judiciária do Funchal não têm condições e dimensão para todos, os suspeitos embarcaram num dos C-130 e passarão a noite no Estabelecimento Prisional de Caxias, sendo depois presentes ao Juiz de instrução onde conhecerão as medidas de coação.