Aventuras na ilha


V entura é, antes de mais, um demagogo à procura de fama. Sempre o foi em todas as áreas pelas quais passou, portanto não é de estranhar que venda o partido a soldo de quem lhe oferecer um pedestal.

O Chega é um partido esquizofrénico na sua audiência desde nascença. Se por um lado abrange um conjunto de pessoas que sofrem do efeito Dunning-Kruger, com as suas teorias da conspiração sobre o 5G, as alterações climáticas, a eficácia das vacinas ou sobre a Terra ser plana, todos sabemos muito bem que o grande eleitorado do partido ignora esses casos de estudo psiquiátricos e votam neles para fugir aos partidos tradicionais que, por demérito próprio desses partidos ou por falta de literacia política da população em geral (admite-se uma boa parte de ambos), continuam em decréscimo de confiança junto do eleitor.

Este anúncio de Ventura tem o condão de sabotar duplamente o partido a nível regional: 

  • Por um lado, o tal eleitorado revoltado com o sistema que condenou a Madeira à pobreza, à exploração laboral e à subsidiodependência, terão agora de procurar outro partido que lhes dê voz e que seja capaz de demonstrar a sua revolta.
  • Por outro lado, obriga os militantes cheganos que ainda vão criticando o sistema, de meterem a viola no saco e se calarem, sob pena de caírem na mesma hipocrisia que carateriza o atual CDS.

O que ainda ninguém ligado ao Chega, a nível nacional ou regional, foi capaz de explicar aos eleitores, foi a razão do programa de governo que propuseram há uns anos, prever uma extinção de ministérios tão importantes como o da Saúde e da Educação, que iria acabar com estes sistemas públicos que são a base de todas as economias desenvolvidas na Europa e que tantos constrangimentos e desigualdades têm provocado na nação-exemplo para Ventura, os EUA, que insistem em rebolar encosta abaixo em todos os rankings de liberdade, literacia, desenvolvimento humano ou abrangência dos cuidados de saúde, mantendo-se no topo apenas da criminalidade e no número de tiroteios em escolas.

E já agora, um exercício de previsão: se este Chega chegasse efetivamente a fazer parte do Governo Regional, o que aconteceria às comunidades? 

Se atentarmos à forma como os ciganos são tratados no continente, por receberem (apenas 13% deles) apoios sociais, o que dizer dos venezuelanos que chegaram à Madeira e que tiveram, quase todos, direito a apoios? Vai tudo de volta num contentor de carga?

O que o Chega se calhar não está ciente é que os venezuelanos na Madeira não são uma minoria. Não são só os 10 mil que se estimam ter regressado nos últimos anos. Devido à grande diáspora e fluxo migratório durante as várias décadas da ditadura, também elogiada por Ventura, muitos madeirenses têm família na Venezuela ou entre os regressados e dispensam ter um governo xenófobo a instigar ódio sobre si próprios ou contra os seus familiares.

Leitura sugerida: Chega de Ventura! (link)

Enviado por Denúncia Anónima.
Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2022
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