A sombra iminente do fascismo: uma chamada à lembrança

 

recente ascensão do Chega, um partido que namora com a ideologia fascista, lança uma sombra longa e perturbadora sobre Portugal. É uma lembrança assustadora de que as brasas do autoritarismo podem voltar à vida, ameaçando consumir os próprios alicerces da nossa democracia. Esta não é uma mera disputa política; é uma luta pela alma da nossa nação.

Poderemos nós, que provamos o fruto amargo da ditadura, desejar verdadeiramente o regresso a esse pomar triste? Esquecemos o aperto sufocante do Estado Novo, onde o desacordo, era um grito estrangulado e as liberdades básicas uma miragem cruel? Será que a recordação do bater da PIDE à porta, na calada da noite, já não nos provoca arrepios na espinha? Será que ficamos tão confortáveis que o fedor do medo desapareceu de nossas narinas?

Para quem romantiza uma época passada, uma dose brutal de realidade é necessária. Portugal não era um filme singular a preto e branco; era uma tapeçaria sombria tecida com fios de pobreza, opressão e desespero. O cidadão comum era uma mera engrenagem na máquina do regime, trabalhando para uma existência miserável sob o peso esmagador de uma ditadura brutal. As mulheres nada mais eram do que bens móveis, as crianças eram peões num jogo distorcido e a educação um privilégio reservado a poucos afortunados.

Um passado que não devemos esquecer. Não nos deixemos seduzir por rumores de uma época mais simples, uma época manchada pelo sangue dos inocentes. Imagine uma vida desprovida de liberdades básicas, um mundo onde a discórdia é recebida com silêncio e o medo paira no ar. Imagine um Portugal onde as mães enterram os seus filhos, vítimas de doenças evitáveis, um Portugal onde a educação é um luxo e as mulheres são mera propriedade. Esta não era uma terra distante e estrangeira; era Portugal sob domínio fascista. Aqueles que glorificam o passado esquecem convenientemente o sofrimento de muitos em benefício de poucos privilegiados.

A crescente onda de apoio ao Chega me envolve com uma onda de consternação. Não se trata apenas de opiniões políticas divergentes; trata-se da própria base da nossa democracia. Somos tão facilmente influenciados pelo canto da sereia de uma época passada, uma época manchada pela escuridão da opressão? Poderão os horrores do Estado Novo ser verdadeiramente esquecidos?

As mentiras sedutoras do fascismo não são um fenómeno novo. Esta serpente venenosa, que promete força através da divisão, deslizou ao longo da história, deixando um rastro de devastação em seu rastro. Ela prospera em usar os vulneráveis como bodes expiatórios e atiçar as chamas do nacionalismo. Ela se alimenta de ansiedades, distorce a história para se adequar à sua narrativa e floresce no terreno fértil da ignorância. Seremos tão facilmente manipulados? Os sacrifícios daqueles que lutaram pela nossa liberdade foram esquecidos?

Os sinais de alerta são evidentes: a erosão das liberdades civis, a desaprovação das minorias, os ataques implacáveis à liberdade de expressão. Não podemos ser espectadores deste drama que se desenrola. Levantemos as nossas vozes, eduquemo-nos e aos outros, e enfrentemos de frente estas ideologias perigosas.

A história não é uma coleção empoeirada de factos numa prateleira; é um testemunho vivo das consequências devastadoras do poder desenfreado. A revolução de 25 de Abril não foi um acontecimento único; é uma vigília constante, um compromisso para salvaguardar as liberdades duramente conquistadas que tanto prezamos. Devemos recordar a coragem daqueles que se levantaram contra a ditadura, a perseverança daqueles que suportaram as suas dificuldades e os sacrifícios daqueles que deram as suas vidas por um amanhã melhor.

Nós, o povo, somos os guardiões da democracia. Não desperdicemos esta preciosa herança. Permaneçamos juntos, unidos na nossa determinação de rejeitar o ressurgimento do fascismo, sob qualquer forma. Este não é apenas um apelo à ação; é um apelo à vigilância. O futuro da nossa democracia depende da nossa vontade colectiva de resistir às forças das trevas. Deixemos que os fantasmas do passado sirvam de lembrete: a liberdade é uma chama frágil e devemos ser os seus protetores inabaláveis.

Mas a vigilância por si só não é suficiente. Devemos envolver-nos ativamente no discurso civil, desafiar a desinformação com factos e promover o pensamento crítico. Deixemos que o nosso sistema educativo promova uma compreensão profunda da história, e não apenas a memorização de datas e batalhas. Deixemos que os nossos meios de comunicação priorizem o jornalismo investigativo e a reportagem responsável. Deixemos que as nossas comunidades celebrem a diversidade e a inclusão, promovendo um sentido de humanidade partilhada.

Ao tomar estas medidas, podemos construir uma democracia mais forte e mais resiliente, menos suscetível ao fascínio do fascismo. A luta pela liberdade é uma luta constante, mas juntos podemos garantir que a luz da democracia nunca se apaga em Portugal.

Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 26 de março de 2024
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