D urante treze longos anos, Bashar al-Assad resistiu à tempestade de uma guerra civil devastadora na Síria, consolidando o seu poder com o apoio de aliados e uma máquina repressiva que esmagava qualquer dissidência. Contudo, ironicamente, não foram os rebeldes que o derrubaram, mas a corrupção e a falta de lealdade interna. No momento em que parecia ter vencido, o regime desmoronou. Militares cansados recusaram-se a lutar por um sistema que já não representava os seus interesses, levando Assad ao exílio e pondo fim a 50 anos de domínio dinástico.
Na Madeira, um arquipélago distante mas com paralelismos claros, a história sussurra um aviso ao PSD e ao seu líder, Miguel Albuquerque. Durante décadas, o PSD-Madeira consolidou um poder quase absoluto, tal como o partido Baath na Síria. Contudo, a verdadeira ameaça não vem da oposição, mas da exaustão interna de um partido dividido e cansado de sustentar um líder isolado. Tal como no regime de Assad, são os “soldados” internos do PSD que, eventualmente, podem precipitar o fim de Albuquerque.
O regime de Assad colapsou não pela força dos seus inimigos, mas pelas rachaduras internas causadas pela corrupção e pela deserção dos seus aliados. Na Madeira, os sinais de descontentamento também se intensificam. Militantes ressentem-se de serem usados como peças descartáveis para perpetuar uma liderança conflituosa, alimentando murmúrios de mudança dentro das próprias fileiras do PSD.
Miguel Albuquerque, tal como Bashar al-Assad, beneficiou do passado e de uma narrativa que o tornava indispensável. Contudo, a insistência em se perpetuar no poder está a criar os anticorpos que inevitavelmente o destituirão. A história tende a repetir-se: regimes caem não pelos gritos da oposição, mas pelos sussurros de descontentamento interno.
Os madeirenses merecem que esta repetição seja um renascimento, não mais uma tragédia. É tempo de o PSD-Madeira refletir sobre o futuro antes que as rachaduras internas se transformem no colapso total.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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