Guarda Roupa: Nini Andrade. |
Estreia, em breve, “Maria de Jesus, a pobrezinha da Achada da Laranja”, com Paula Margarido e Miguel Falavella
A inda sem data marcada, mas antes de 17 de dezembro, sobe ao palco do Teatro Rosal a comédia “Maria de Jesus, a pobrezinha da Achada da Laranja”, com os conhecidos atores Paula Margarido, premiada em Pampilhosa da Serra, e Miguel Falavella, o brasileiro que interpretou a personagem Caco Antibes, na famosa série «Daqui não saio, daqui ninguém me tira».
A comédia a estrear é um inédito de Ana Sousa, escritora muito conhecida nas boutiques e sapatarias, e que, por isso, também se encarregou do guarda-roupa dos atores e atrizes.
Paula já adiantou à imprensa que, nesta peça, ela interpreta o papel de uma deputada que viajou pela ilha, sempre com GPS e óculos cor de laranja, mas nunca vislumbrou miséria. Somente viu, no Funchal, uns pobres nas ruas, alguns mendigos que pernoitam nos vãos das portas, porque sentem muito calor durante a noite, e uns poucos alcoólicos que consomem vinho de pacote, de marca branca na baixa da cidade, para incentivar o comércio local. Mas, como repete nas suas falas, tudo isso é miséria de cabeça, alguns até consumidores de substâncias aditivas de euro e meio.
Detestando este tipo de conversa, mas dela tirando partido na dramaturgia, Caco exterioriza o seu horror a pobres, em improvisos constantes que dificultam as falas de Paula, por não compreender as “deixas”. Então, um tanto confusa, a atriz da Beira Baixa inventa que “existem famílias que sofreram ações de despejo e que ficam sem habitação, mas a verdade é que mais mês menos mês a solução acaba por acontecer, porque somos uma região pequenina, porque todos nos conhecemos, porque trabalhamos em equipa e com sinergia, de modo que a resposta vai sendo dada”. Ao que Caco responde que isso não está certo, porque “pobre gosta de esperar, gosta de filas de espera e de muitos papéis na mão para entregar, todos os anos, às senhoras da Habitação”.
No meio do desconhecimento de uma e o horror de outro, entra em cena a conhecida Maria de Jesus, a pobrezinha que, há anos, ia ao Chão da Lagoa e às espetadas das inaugurações, mas que aqui se apresenta revoltada, com um bordão de folhado na mão, para dar umas boas bordoadas (leia-se umas boas piadas) à senhora que não enxerga pobres nesta terra. Ela fala então da vida dos seus pais, caseiros do morgado, e dela própria, abandonada com sete filhos pequenos, pelo marido que foi para o Brasil e nunca mais deu sinal de vida. Era agora uma avó pobrezinha, com filhos, noras e netos vivendo nos telheiros e quartos construídos onde seus pais plantavam batatas e vinha, a meias com o morgado. Felizmente, o morgado dera-lhe aqueles 250 metros de terra. Rezava ainda pela sua alminha, porém deixara de espetar bandeiras do PSD nos blocos do muro da sua casa.
A pobrezinha da Achada da Laranja, interpretada por Rafaela Rodrigues, escolhida pelas suas altercações frequentes e a ambição pela cadeira das angústias, exibe grande emoção ao expor a sua história de vida, a qual muito incomoda Caco, que, termina dizendo que, se soubesse de tantos pobres nesta ilha, nunca teria saído do Brasil.
Pelos ensaios, que por especial autorização, foi-nos permitido assistir, observámos que todas as personagens desempenham o seu papel com grande à-vontade e intenso dramatismo, num cenário desenhado ao estilo light da Teresa Brasão. Na nossa opinião, todos os atores foram muito bem escolhidos, até a Rafaela que, nascida na cidade, tem cara de campo, mas muito bem caracterizada para aparentar 80 anos, representa a pobre Maria de Jesus, que há muito conhecia da Achada da Laranja.
Infelizmente, nada mais podemos revelar no CM, porque o Miguel do Rosal não deu subsídio para a peça de teatro, só porque o “estranho rapaz” não foi selecionado no casting. Além disso, o espectáculo não conta com o apoio do Media Partner do Diário de Notícias da Madeira, justificado pelo seu diretor pelo facto do DN/Madeira ser dependente de um empresário, que quer construir muitas casinhas para os pobres madeirenses e não gostou de saber que para a deputada já não havia pobres a precisarem de habitação. Por tudo isto, o rendimento possível desta comédia está na venda de bilhetes e convém que os espectadores não saibam de antemão o enredo da peça. Caso contrário, o empresário não pode pagar o que lhe foi adiantado pelo Senhor Rodrigues, mas criticado pelo Sousa que escreve umas patachadas no DN-Madeira, para se fazer ouvir, como se alguém não soubesse a bisca que realmente é.
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta feira, 20 de Novembro de 2024
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