A h, o "Dubai da Madeira"! Um nome que promete tanto e entrega... bem, algo que nem o Dubai rejeitaria para um depósito de areia. Aquilo que deveria ser um espaço de progresso e modernidade transformou-se num espetáculo desolador, quase como assistir a um bolo de aniversário a cair ao chão em câmara lenta. Quem passa pelos edifícios Verino sabe do que falo: o choque, a tristeza e aquele nó na garganta de quem vê a história da ilha ser trocada por cimento cinzento e uma visão arquitectónica que parece saída de um catálogo de promoções.
Quando o conceito do "Dubai da Madeira" surgiu, muitos imaginaram algo grandioso: arranha-céus espelhados, luxo a transbordar e uma pitada de exagero à la Cristiano Ronaldo. Mas o que temos? Um conjunto de edifícios que mais parecem ter sido desenhados por alguém que acredita que "cinza" é a única cor digna de uma cidade moderna.
Os Verino, outrora cheios de potencial, são agora uma espécie de zombies arquitectónicos. Não são bem mortos, mas também não estão vivos. São o equivalente urbanístico de um telemóvel com 2% de bateria. O que foi prometido como um marco de modernidade e inovação é, na verdade, um testemunho cruel de como as coisas podem correr mal quando a Câmara Municipal tem mais betão do que bom senso.
Quem passa pelos edifícios Verino sente um aperto no peito. É como ver alguém a destruir um bolo-rei para fazer torradas. A paisagem é de uma desolação que até os pombos evitam. Os turistas olham para aquilo e perguntam: “Isto faz parte do roteiro turístico ou é só um erro que ninguém corrigiu?” As pessoas já nem conseguem sonhar com o que poderia ter sido.
A Câmara Municipal do Funchal insiste que está tudo sob controlo, que isto faz parte de um plano maior. Mas qual é o plano? Fazer com que os madeirenses sintam saudades dos dias em que ali só havia ervas daninhas e silêncio? Transformar o Funchal numa exposição de "o que não fazer em urbanismo"?
Talvez estejam a tentar criar um novo conceito de turismo: o turismo do desalento.
Olhando para os Verino, somos forçados a questionar:
- Como é que ninguém, em nenhum momento, levantou a mão e disse: “Será que isto vai ficar bonito?!”
- Será que as pessoas envolvidas tinham olhos ou só contas bancárias para encher?
- Quem é que decidiu que “cinza cimento” é a cor do futuro?
A destruição daquele espaço pelos visionários da Câmara Municipal não é apenas um erro arquitectónico; é um crime contra a alma da Madeira. Transformar um local com tanto potencial em algo que faz chorar quem passa é mais do que incompetência: é uma declaração de guerra ao bom gosto. Portanto, para aqueles que ainda passam pelos Verino e conseguem sentir algo além de um vazio existencial: parabéns. Porque, sinceramente, olhar para aquilo sem perder a fé na humanidade já é um feito heróico. E, quem sabe, um dia, a Câmara Municipal perceberá que nem tudo precisa de ser Dubai. Às vezes, só queremos que seja Madeira.
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 26 de Novembro de 2024
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