B om dia a todos. Levei um mês a apreciar o JM e DN para escrever, inclusivamente a edição desta segunda-feira que, por vir com o Golfe, é um belo resumo do que tenho para dizer. O que não é novidade? Nas mãos dos donos disto tudo e do governo não pode dar certo, são indisfarçáveis as etapas da degradação dos dois jornais depois de comprados por oligarcas e subsidiados pelo Governo. No entanto há a novidade do JM ser mais arrojado do que o DN.
Tenho visto arrogância onde se podem manifestar, no humor, cartoons e o desopilar do Domingo. Existe degradação editorial e ética, mais no DN do que no JM, perfeitamente visível pela quantidade de ações que o DN-M perde na ERC.
É indisfarçável que existe subordinação editorial, claramente ao GR, mas descaradamente aos proprietários, os chamados patos bravos não resistem em ser notícia, quando não são. Há muitas razões, eu anotei durante um mês, mas hoje mesmo pode-se ver a imposição de agendas, com prémios à Governação & Friends e o Golfe que quer à força ser o desporto rei na Madeira, por imperativos de promoção imobiliária.
O governo está a interferir diretamente na linha editorial, priorizando temas que o favoreçam. Mais, existe censura velada, ou seja, reportagens que criticam o governo ou seus aliados são evitadas ou "suavizadas" para não causar atritos. As pessoas homologadas para conduzir ao resultado político do PSD-M estão a atuar. Por muitos defeitos que tenha, o líder do PS-M não tem a boa vontade dos jornalistas como tem o seu competidor. Nenhum jornalista ou comentador do regime cai.
Outra que ninguém pode desmentir, é a contrapartida do apoio financeiro do Governo, o ênfase à propaganda governamental que consiste numa cobertura positiva, desproporcional e ostensiva. Por vezes a crítica serve para sair com a solução aos estilo magnânimo. Os jornais focam-se em notícias que promovem as políticas, ações e líderes do governo, enquanto minimiza (suaviza ou normaliza), ignora falhas, escândalos, ações judiciais, corrupção, o ambiente no partido e no Governo. A publicidade do GR numa economia anémica (ou pelo menos dos "grandes" que não querem pagar) cria uma dependência aos anúncios oficiais e um viés editorial para agradar ao governo.
Quero voltar a dizer que não vou focar tudo o que detetei, somente os que são de caras e detetáveis por todos.
Houve e há o desmonte da pluralidade. Pluralidade não é diversidade! Houve muito e vai havendo o afastamento de jornalistas críticos de certas áreas ou colaboradores, como autores de Artigos de Opinião ou Crónicas. O sucesso está nos indivíduos alinhados com o governo. O impressionante é que por mais figuras ridículas que façam, eles não caem nem envergonham quem sustenta a situação.
A perceção do declínio da qualidade jornalística está no evitar de assuntos como a corrupção, alguns dos seus proprietários com casos judiciais, a corrupção no Governo. Reparem que os jornais locais, região da maior corrupção na política do país, nãoestimula investigações complexas e imparciais, antes temos cada vez mais matérias superficiais ou tendenciosas, justificativos como os Fact-Checks. Estão a criar narrativas favoráveis ao governo, paralelamente a casinhos de somenos.
Penso que não serei injusto se disser que há erosão na confiança que temos no jornalismo local. Os leitores percebem a parcialidade do veículo, levando a um declínio na audiência e na reputação, para além de uma aflição pelas assinaturas que serviriam como desagravo. É a versão analógica do pageviews (notícias pagas e não pagas). Há resistência em pagar por não serem credíveis.
Outra situação que não me vão negar, quero lembrar como Pedro Calado anulou a assinatura do Tribuna da Madeira quando não gostou de notícias numa edição. Mas há mais situações, o que significa que existe uma concentração de leitores partidários (mas também comentadores) tidos por alinhados com o governo. Só eles mantêm interesse nos jornais, por ego, porque já sabem de tudo o que está homologado para sair, enquanto os leitores críticos se afastam.
Pegando no DN-M, se no tempo do Blandy era uma aflição com o GR, a sabotar a faturação para obter rendição, eu imagino agora a dependência financeira, senão total, de tudo o que orbita no dinheiro público. Se aumentaram a dotação financeira aos jornais é que já não chegava, os jornais dependem cada vez mais do financiamento do GR, sufocando qualquer hipótese de retoma na independência jornalística. Reparem que existe colapso nas receitas alternativas, até a empresa de eventos tem o GR como principal cliente, direta ou indiretamente, tal como as câmaras municipais. Com esta dependência, com a perda de credibilidade, as empresas privadas fora do poder deixam de anunciar, reforçando o ciclo de dependência.
O que se segue? O processo não é linear, mas geralmente culmina com doses cada vez mais cavalares, tornando os jornais veículos de comunicação dos proprietários ou porta-voz do governo, sacrificando a missão de informar com imparcialidade.
Se Sérgio Marques, sem mais remédio, entregou o JM a um DDT, torna-se claro que não existe economia forte, livre e com novos players, são sempre os mesmos a ficar com tudo. Por isso não entra LIDL? Portanto, não há esperanças na reversão do cenário, porque os DDT não deixam entrar grupos de fora para abrir porta à independência financeira e editorial.
Pax animae tuae.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 25 de Novembro de 2024
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